segunda-feira, 9 de julho de 2018

(Im)perfeição

Jamais me queixarei de ter optado ser Cordeiro e viver no meio dos lobos.
Como a erva e deixo-lhes a carne.
Sou carne tenra que os lobos não tocam.
Somos azeite e vinagre. Complementamo-nos sem nos misturarmos.
Essa harmonia conquistámo-la.
A nossa sede e a nossa fome é repartida em partes desiguais.
Sem atropelos, caminhamos numa formação pré-estabelecida.
Não ousamos ser iguais e estranhamente não somos assim tão diferentes.
As armadilhas estão lá. Eu sei e eles sabem.
Temos as nossas rotas, que convergem sempre no mesmo local.
Nada nos impele a parar.
Sabemos que antes de atravessar a estrada, temos de olhar para ambos os lados.
Existem sons familiares que nos guiam e nos afastam das escarpas escondidas pela densa vegetação.
É como confiar que os abutres não tocarão na carcaça com uma Fé inabalável.
Sigo os lobos porque só eles conhecem o poder que uma alcateia pode ter.
Eles deixam que eu os siga, porque apenas um cordeiro sabe que a fragilidade não é uma imperfeição.
the perfect blend


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