Ela era reservada, tinha a necessidade crónica de sentir controlo, organizada. Sentia medo, trocava as emoções pela razão. Dona de várias capas e máscaras, não saia de casa sem elas. Abominava a sua fragilidade, buscava incessantemente ser independente. Não fazia uma escalada sem usar uma corda de proteção. Procurava a beleza, mas não parava para a contemplar. Criava o seu Mundo perfeito, mas vivia numa outra dimensão.
Ambos estavam presos numa solidão corrosiva. partilhavam o mesmo sonho, mas não corriam atrás dele.
Nunca perceberam que aquilo que os uniu, foram as suas diferenças e não aquilo que tinham em comum. Nunca compreenderam que precisavam daquilo que cada um deles tinha para oferecer ao outro. Que o que não tinham em comum seria o que os poderia salvar, equilibrando-os.
Como em todas as boas estórias, existiam fantasmas e demónios. Eles tinham um poder imensurável, o de afastar esses fantasmas e esses demónios um do outro. Não tiveram tempo de chegar lá. Não o perceberam. Desistiram sem o saberem.
Viveram sempre a um metro de distância um do outro. Os abraços nunca foram reais. Quando andavam de mão dada, não se apercebiam que as suas mãos não se tocavam.
Ele estava em pedaços, ela estava estilhaçada. Nenhum deles tinha essa noção.
Ele parou de fugir dele e agora foge dela. Ela fugiu dele e agora ele espera que esteja a fugir para ela.
Run to you
Este "teu" voltar a ti é confortável com essa tua serenidade que começas a descobrir.
ResponderEliminarUm beijo de braços bem abertos :)
Esta minha lucidez é algo de novo que teimo em aproveitar por me fazer tanto sentido. Obrigado pela tua "presença" constante e pela força que me tens dado nos últimos tempos. Já ganhaste um lugar de amiga ;)
EliminarBoa tarde Paper Cut. Este teu texto é deveras acutilante. Estamos sempre à espera de encontrar a nossa Alma Gémea e para nós tem de ser alguém com os mesmos gostos, o mesmo feitio, os mesmos sonhos e na verdade aquilo que necessitamos é de alguém que seja diferente. Que nos mostre outras realidades, que nos equilibre emocionalmente, que nos desafie diáriamente. Andamos à procura de uma fotocópia, quando aquilo que precisamos de verdade é daquilo que não temos e que nem sabemos que precisamos.
ResponderEliminarBeijinhos.
Olá anónimo/a. Eu encontro-me na situação oposta. Sempre procurei alguem diferente de mim e acabou sempre por correr mal, por isso agora procuro mesmo é a tal fotocópia ��
EliminarPara mim os opostos não se atraem.
Marta
Reservada, com necessidade crónica de sentir controlo, organizada, trocar as emoções pela razão... Abominação da própria fragilidade e busca constante de ser independente... Caraças que me descreveste nesse texto! E sempre tive esses opostos na quebra do coração. Por isso concordo contigo, os opostos não se completam, a compatibilidade é essencial.
ResponderEliminarUm beijinho <3