sexta-feira, 27 de março de 2020

Amor em tempo de Pandemia.

Eis que de repente somos todos obrigados a parar. As nossas vidas tal como as conhecíamos sofrem uma mutação para a qual nenhum de nós estava preparado.
Alteramos drasticamente modos de vida, formas de pensar, maneiras de agir.
Somos acometidos de novos medos, incertezas.
Descobrimos o verdadeiro significado de coisas normalmente camufladas.
Acredito que no meio de todo este caos, nos transformamos todos em pessoas melhores. Quero muito acreditar nisso.
Percebemos que existe uma Lei da reversibilidade.
O medo e o desespero combate-se com Amor e Gratidão.
Amor por aqueles que não podemos abraçar por um bem comum. Gratidão pelos que ficam isolados e pelos que não podem ficar.
Nunca a palavra Saudade foi tão pronunciada. Nunca a Saudade foi tão sentida.
Agora todos temos mais tempo. Para nós, para aqueles que amamos e para aqueles que passaram pelas nossas vidas e que mesmo à distância desejamos que se encontrem bem. 
Talvez seja uma altura de fazermos um reset. Estender a mão aos mais assustados, aos mais necessitados, aos mais frágilizados.
Sinto imenso aa falta do calor do meu filho. As minhas noites sozinho em casa ferem-me. Sei que não abraçar o meu filho neste momento, não dar um beijo aos meus Pais, são gestos de amor. Até o Amor por vezes exige sacrifícios. 
Optei por trabalhar todos os dias até que a situação melhore. Já que não posso ficar em isolamento, é uma forma de me sentir útil e lidar com a solidão que já me basta nas noites em que passo sozinho na minha casa.
Quando tudo isto passar, vou dar muitos abraços. Nunca um abraço teve tanto valor. 
O Planeta enviou-nos uma mensagem, vamos tirar partido dela e alterar alguns conceitos acerca de humanismo, partilha, gratidão e valores Morais. 
Podemos não ficar todos bem, mas vamos cada um de nós sermos melhores. Only Love will remain

quarta-feira, 4 de março de 2020

A certeza da vulnerabilidade.

Nada me faz mais sentido do que a noção de que a realidade é imutável e estática.
Carrego em mim 46 anos de experiências, vivências, quedas, resiliência, adversidades, emoções, enganos e desenganos, cansaço, descobertas, felicidade, paixões, amores e desamores, embriaguez e lucidez..
Sou um entre muitos. Alguém que já se cruzou e transformou as estórias de tantos. Que já fui condicionado e que sofreu algum tipo de mutação pelo toque de alguém.
Tantas vezes cai e tantas me levantei.
Dias houve em que provei veneno e sempre sobrevivi, mas as marcas ficaram cá.
Nos últimos meses tenho vindo a fazer uma retrospectiva do que tem sido o meu percurso.
Há algo que não se apaga. As mazelas que as más escolhas me deixaram.
Há algo que também não se esgota. A minha coragem em não deixar de arriscar.
Somos os somatório de tudo aquilo que vamos acrescentado diariamente às nossas vidas.
Detesto o rancor, mas não consigo deixar de sentir mágoa.
Tenho a necessidade crónica e utópica de me verem como uma pessoa boa. É estúpido precisar tanto da aceitação dos outros, quando em bom rigor poucos valorizam e se lembram de tudo o que de bom já receberam de alguém.
Cada vez mais tenho a percepção de que sou uma pessoa de causas. Que luto muito mais por elas, do que muitos que as publicitam, mas cujas palavras, não passam de retórica oca e estéril.
Valorizar-me tem sido uma das minhas demandas. Perante mim, em silêncio, mas convicto de que sou muitas vezes diferente e melhor. Pode parecer falta de modéstia, no entanto em bom rigor estou a ser finalmente moralmente honesto. Sou de facto bastante melhor do que muitos que já se cruzaram algures no Tempo comigo.
A minha auto-estima é sólida e construída com bases reais.
Há coisas que me continuam a assustar. As minudências que tal acendalhas, inflamam relações, convicções, certezas...
Tenho medo de Pessoas. De algumas Pessoas.
Não do mal que me possam causar, mas da facilidade com que o fazem. Do desprezo que sentem em relação aquilo que os seus actos podem causar.
Gostaria de ver a Lei de Murphy invertida. Que as coisas boas se transformem em coisas ainda melhores. É por isso que eu luto. É nisso que continuo a acreditar.
Não confiar desconfiando, mas confiar estando mais atento.
É muito fácil alguém destruir aquilo que construímos. Estar vigilante, protege a nossa casa. A nossa Felicidade e aqueles que nos ajudam a construí-la.
Neste momento tenho tudo aquilo que necessito. Vou lutar para que ninguém o destrua. Vou-me proteger a mim e aqueles que eu amo, dos que não têm qualquer pejo em destruir tudo o que de mais belo alguém conquistou e se esforça por manter e cuidar.