sexta-feira, 8 de junho de 2018

Adenda

Possuis o mapa de todas as minhas feridas por cicatrizar. Aproveitas-te dele para continuares a tocar-lhes de forma a que não cicatrizem.
Tudo aquilo que me pedes, é tudo aquilo que não me dás.
Crias em mim uma mágoa que se vai alimentando em vez de definhar.
Existem as tuas verdades, as minhas verdades e a verdade Universal.
Percebo que para ti é mais fácil fechares-te nas tuas. Penso mesmo que inconscientemente te apazigua alguma culpa. Porque a culpa é transversal aos dois.
É-me tão fácil aceitar a minha e lidar com ela; já tu usas a minha para desculpar a tua.
A imagem que criaste de mim não é real e eu não posso, não devo, não aceito e não me revejo nela.
Sou muito mais do que aquilo que vês. Na realidade, nunca fizeste um esforço para perceber isso, porque o teu foco foste sempre tu. 
Dizes-me que darias um rim por mim, pois eu daria o meu coração por ti. Sem pestanejar.
Sei muito mais sobre o Futuro do que tu. Sei porque apesar de pensares o contrário e apesar de toda a minha loucura, estou mais lúcido do que tu. 
Adoras usar a palavra confiança, mas devemos valorizar as palavras conhecendo-lhes o sentido.
Devias aprender mais sobre Justiça. Não devemos julgar ninguém, sem pelo menos dar-lhe a hipótese de se defender. Fazes justiça pelas tuas próprias mãos e isso é algo tão injusto e de um enorme egocêntrismo.
Existem pessoas que não se conhecem a elas próprias (passe o pleonasmo) e tu és uma dessas pessoas. 
Estás formatada num circuíto fechado que não permite actualizações. Cresce-se mais lentamente dessa forma, mas tu és inteligente e já devias ter chegado a essa conclusão.
Corrompes continuamente aquilo em que julgas acreditar e mais uma vez não te dás conta.
Sei por experiência própria de que um dia irás aprender da pior da forma.
Conheço-te demasiado bem para o saber. Entretanto vais tendo momentos de êxtase que se vão desvanescendo até se transformarem em angústia. Durante o processo a culpa será sempre dos outros. Foi assim no Passado e será assim no Futuro. É a tua essência.
Aquilo que te causava insatisfação no Passado, de repente já não te macera no Presente.
Adoras monólogos, precisas deles como o ar que respiras, porque assim não terás de ouvir coisas que não vão de encontro aquilo em que (falsamente) acreditas. 
Talvez não tenhas culpa de sofrer de surdez selectiva, mas deixa-me dar-te uma novidade; esse tipo de surdez tem cura.
Este texto faz-me sentir tão vazio que não lhe consigo colocar uma foto ou uma música.
Isto não é um desabafo, é um grito de revolta.

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