O silêncio pode ser tão ensurdecedor. Vem acompanhado de barulhos de pensamentos, de memórias, que quase me rebentam os tímpanos. Tenho agora essa noção, de que o vazio auditivo é uma arma afiada. Custa-me viver em silêncio, necessito de estímulos sonoros que abafem a distorção causado pela ausência de som. Sei que um dia o silêncio virá limpo e isento de ruídos lacerantes. Ainda não estou preparado para essa pureza que a ausência da desordem criada pelo silêncio corrompido me pode trazer.
Este silêncio em que vivo sufoca-me. Prefiro os gritos de um bebé na sala de espera de um consultório, o ruído da máquina de lavar roupa a centrifugar, o ladrar de uma matilha de cães.. prefiro qualquer barulho ao ruído deste meu silêncio.
Para o To Zé
Para o To Zé