sexta-feira, 30 de março de 2018

O Silêncio como um punhal

O silêncio pode ser tão ensurdecedor. Vem acompanhado de barulhos de pensamentos, de memórias, que quase me rebentam os tímpanos. Tenho agora essa noção, de que o vazio auditivo é uma arma afiada. Custa-me viver em silêncio, necessito de estímulos sonoros que abafem a distorção causado pela ausência de som. Sei que um dia o silêncio virá limpo e isento de ruídos lacerantes.  Ainda não estou preparado para essa pureza que a ausência da desordem criada pelo silêncio corrompido me pode trazer. 
Este silêncio em que vivo sufoca-me. Prefiro os gritos de um bebé na sala de espera de um consultório, o ruído da máquina de lavar roupa a centrifugar, o ladrar de uma matilha de cães.. prefiro qualquer barulho ao ruído deste meu silêncio.
Para o To Zé

6 comentários:

  1. E eu, cada vez suporto menos o barulho 🤐. Adoro estar sozinha, divagar nos meus pensamentos no silêncio. Porque será ?

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  2. Percebo tão bem esse silêncio que descreves. Senti-o em determinadas fases da minha vida. Chamava-lhe "o barulho do silêncio" e havia momentos em que tinha um eco ensurdecedor.
    O silêncio é, por si só, apenas silêncio, não existe som, não emite ruído. Como poderá fazer barulho ou um eco quase insuportável?!?
    Há quem nunca tenha escutado esse "barulho do silêncio", mas eu já. Por isso entendo-te bem. Comigo aconteceu em momentos de maior solidão, em que não estava bem.
    Existem momentos em que valorizo o silêncio, dá-me paz e tranquilidade. Mas noutros é ensurdecedor, com pensamentos que não param. Lembro-me de uma altura em que até ouvia o ponteiro dos segundos do relógio que estava a metros de distância, noutra divisão. Estava longe, mas ouvia-o tão alto, até fazia eco.
    Há semanas comentei que não consegui fugir do sofrimento, mas disse-te para acreditares que depois melhora. Quanto ao silêncio, o mesmo, é uma fase, mas vai passar.

    Não consigo perceber bem a foto, mas parece-me um precipício. Não estejas tão à beirinha, anda embora daí ;)

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    1. Eu sei disso, tenho essa consciência, mas neste momento o silêncio ainda me fere.
      É um precipício de facto, mas não tenho vontade nenhuma de saltar 🙂

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    2. É compreensível que o silêncio ainda te fira. Tal como ferem as atitudes e o silêncio da outra pessoa.
      Esta música era uma das que me ajudava nesses momentos de silêncio, não só a melhorar a disposição, como a não esquecer algumas daquelas palavras ("won't stop to surrender").
      https://m.youtube.com/watch?v=jxKjOOR9sPU

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  3. Eu sou o oposto, prefiro o meu silêncio a qualquer outro barulho.
    Se tivesse que estar sujeita constantemente a esses ruídos que exemplificas, já estaria no conde de ferreira de certeza :)
    Marta

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