segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

#olfato

Existem fragrâncias que são processadas no nosso sistema límbico e ficam lá presas para sempre.
Era só isto..

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Por vezes o silêncio vale mais do que o ouro

Acordei com um peso enorme. Um cansaço tremendo de uma noite mal dormida; Sinto-me doente, esgotado fisicamente  e mentalmente.
Hoje tive de vir trabalhar e estou a fazer um esforço enorme para o conseguir.
Fui almoçar a um restaurante, onde vou habitualmente. Queria alimentar-me com algo que me desse algum aconchego e energia para conseguir resistir ao resto da tarde de trabalho.
Sentei-me à mesa, phones nos ouvidos e era daquela forma que queria digerir aquela minha hora. Música boa e comida reconfortante.
Na mesa em frente, uma Mulher que conheço de vista, virou-se para trás e começou a falar comigo. Como não ouvia aquilo que ela me dizia comecei por tirar um dos auscultadores de um dos ouvidos.
- Estás tão magro. Disse-me com um ar de desconfiança.
Respondi-lhe que estava doente. Há uma semana com uma Gripe que me deixara debilitado.
- Não te andas a portar mal? Continuou ela.
Voltei a referir a minha Gripe e o facto de ter dormido mal, como justificação do meu ar mais abatido.
Só queria que ela se voltasse para a frente e me deixasse aproveitar aquele meu momento de pausa e descanso.
Continuou a falar comigo. Por educação, desliguei a música e ia ouvindo quase em desespero silencioso aquilo que aquela mulher me ia dizendo.
Falava-me do Ex Marido e do mal que ele lhe tinha causado. Uma rajada infinita de queixumes dos quais eu não queria saber.
Disse-lhe umas duas vezes que ela tinha a travessa da comida a arrefecer, com a esperança que se voltasse para a frente e me deixasse em paz. De nada valeu. Continuava virada para mim a debitar decibéis de sons horríveis que eu não queria (já não conseguia) escutar.
Comecei a comer à pressa. Só queria fugir dali. Deixar de ouvir aquela mulher que me corrompeu ferozmente aquele momento que eu tanto necessitava.
A Tranquilidade que eu buscava, transformou-se em irritação e desespero.
Como eu hoje queria tanto que o Mundo me afastasse das Pessoas...
I need some Silence

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Para o Ricardo


Conheci-te, tínhamos 6 anos. Eras franzino. Bastante calado, mas de uma educação enorme.
Desde o nosso primeiro dia de aulas que senti uma enorme empatia por ti. De inicio não percebia a razão de seres tão reservado. Tinhas imensos problemas causados pela asma, o que não te permitia ser uma criança como as restantes. Não podias correr, nem jogar à bola. Andavas sempre com a tua bomba para a asma.
As crianças conseguem na sua inocência serem bastante cruéis e os outros miúdos chamavam-te "menina" por não poderes brincar como todos os outros devido às tuas limitações de saúde.
Lembras-te quando deixaram de gozar contigo? Foi naquele recreio em que o Zé estava a chamar-te maricas e eu passei-me e dei-lhe uma carga de porrada que me valeu um mês inteiro sem ir ao recreio. Foi a partir desse dia que eu e o Russo (lembras-te como ele era bera?), te começámos a proteger e nunca mais ninguém ousou faltar-te ao Respeito.
Contaste à tua mãe e um dia que vínhamos da Escola e te deixámos em casa, lá estava a tua mãe, a D. Glória que a partir daquele dia se tornou também ela numa Pessoa bastante especial para mim; com um presente para mim e outro para o Russo como forma de agradecimento por te protegermos.
Nunca mais nos separámos. Crescemos, tu melhor do que eu. Os teus problemas de saúde desapareceram, deixaste de ser franzino e ultrapassaste-me na altura.
Conservaste sempre aquele teu sorriso que era a tua imagem de marca. Genuíno, de quem está bem consigo próprio e com a vida.
Foste o meu amigo que sempre esteve Presente, mesmo quando eu afastava toda a gente. Nunca desististe de mim.
Veio a filha da puta da doença e nem ela te vergou durante os dois anos e meio que te minou.
Tinhas uma fome de viver e um optimismo que me fazia acreditar, mesmo quando eu te via tão debilitado e tinha de me esforçar para não chorar ao teu lado.
Vivemos muitas aventuras juntos. Se um dia eu cuidei de ti, mais tarde foste tu quem cuidou de mim.
Farias em Dezembro a minha idade ( troquei a tua data de aniversário com a da tua mãe, pensava que eras tu quem fazia anos este mês) . Quando partiste há 14 anos atrás, eu senti uma revolta tão grande, que me senti culpado. Pensei na noite em que estavas prostrado naquele caixão que era eu quem ali devia de estar e não tu. Eu que fiz tanta merda e tu que foste sempre tão boa Pessoa, tão bom amigo, tão bom filho, tão bom Irmão.. mas as coisas são como são e há pessoas que partem demasiado cedo.
Penso em ti quase todos os dias. Deixaste a tua marca em mim. Por vezes não sei lidar com a falta que me fazes e com as saudades que tenho de ti. Nesses dias vou "visitar-te" e falo um bocadinho contigo.
Obrigado por teres feito parte da minha vida "my friend".
Encontrei esta entrevista que deste a seguir a um dos concertos.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Doces memórias



Eu e ele

Quando soube que ia ser Pai, nos primeiros dias foi terrível. Não foi premeditado e eu achava que não estava preparado. Morria de medo de não ser capaz de estar ao nível das expectativas exigidas a um pai. Pensava que já era demasiado "velho" e que não iria ter capacidade para acompanhar o ritmo do meu Filho.
Esses receios rapidamente se foram desvanecendo e desde que o Duarte nasceu, que o medo se converteu em Felicidade e Amor incondicional.
Este fim de semana ele quis ir ao Oceanário. Fomos lá a primeira vez quando ele tinha 3 anos e nesse dia não quis ver o aquário central porque tinha medo dos tubarões.
No sábado o objectivo eram os Tubarões. Quando os viu ficou desiludido, pensou que fossem maiores. Eu disse-lhe que ainda eram bebés e que estavam a crescer. Perguntou-me quanto tempo demoravam a ficar gigantes e eu disse-lhe que uns 20 anos. - Isso são mais do que mil dias Papá? Eu disse que sim e ele ficou um bocadinho desiludido.

De seguida fomos ver o mar, ele é fascinado pelo mar. Sobretudo pelas ondas quando rebentam. Estava bastante frio mas ele não queria arredar pé da
beira da praia.
Constipei-me nesse dia e no Domingo quando acordei, sentia-me doente, cheio de dores de garganta e no corpo. Pedi-lhe para fazer uns desenhos enquanto eu limpava a casa, que depois ia-mos almoçar fora e andar de Skate.
Estávamos ambos sozinhos e nesse dia tive de fazer um esforço enorme para ser o pai que ele merece. Só queria deitar-me e poder descansar, mas quando se é pai temos de ultrapassar todos os limites e lá fui ensiná-lo a andar de skate tal como ele me havia pedido.
Fomos para casa ao fim do dia e disse-lhe que estava a sentir-me muito doente se ele me deixava deitar um bocadinho no sofá enquanto ele desenhava e via os desenhos animados. Na inocência dos seus 6 anos, disse-me: - Papá, queres que faça festinhas onde te dói? Disse-lhe para me fazer festinhas na cara e adormeci com o meu filhote a tratar de mim. 

The best of me


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Limbo

Hoje quero falar-te de lugares comuns.
De encontros, desencontros e da falácia das palavras.
Quero que saibas que as palavras de nada valem se ditas contra o vento ou se escritas na espuma das ondas.
Quero que entendas o significado do Verbo Pertencer. Não se pertence a ninguém, mas podemos pertencer no Tempo mesmo que o espaço nos leve para o éter.
Somos as escolhas que fazemos (avisei que ia falar de lugares comuns), mas entregá-las ao acaso não me parece um acto de justiça, é mesmo cobardia.
Respeito. Tens uma noção de respeito tão distorcida.  Gritar, massacrar, ferir, é faltar ao respeito; e tomar decisões numa gota de orvalho e no dia a seguinte assumir indecisões que entretanto causaram efeitos na vida daqueles que simplesmente confiaram? É tão fácil fugir e deixar que o filho da puta do Destino se encarregue dos inocentes.
Todos queremos paz e tranquilidade. Lugar comum tão citado. E, quando nos dão a Paz e a tranquilidade que buscamos e ainda assim nos olham como se fossemos os culpados pela criação do Inferno?
Eu sei o que é querer fugir. Fugir é algo que nos é permitido, errado são os danos colaterais que a nossa fuga temperada de egocentrismo pode provocar.
Culpa. Culpar os outros pela nossa insatisfação é um acto de egoísmo. Mesmo quando apregoamos o contrário. Consciente ou inconscientemente ferimos aqueles que nos foram dedicados e não sentimos culpa, porque a culpa é sempre dos outros e nós somos seres magistrais.
Somos seres perfeitos até deixarmos de o ser. Eu sei, é tão mais fácil apontar as imperfeições dos outros. Isenta-nos de qualquer responsabilidade.
Um dia irás perceber que a honestidade e o respeito vai muito para além da definição que lhes conferes.
Talvez não seja eu  o desalinhado desta história, talvez seja eu quem se está a esforçar para perdoar os actos camuflados de caprichos anões de quem um dia quis tudo e no seguinte quase me roubou a sanidade mental deixando-me sem nada.
Sabes que também sabes ser cruel?
(foto by @ahcit)
Nonsense

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Causa/efeito

Conta-me tudo sobre os Amores Platônicos.
Explica-me como saciar algo sem que se consuma a carne?
Entendo a intensidade, acredito que  seja real. Apenas desconfio da pureza.. Podes argumentar que tudo é puro até que se lhe toque.
Posso achar que é uma ilusão, podes contrapor e dizer-me que a Alma também precisa de alimento.
Talvez seja como sentir algo imaculado. É viver em Estado de Graça. Uma questão de Fé.
Vive-se (bem) assim
Existe com toda a certeza um enorme fluxo de Energia; mas a Energia não se esgota se não for alimentada? 
Para mim e desculpa a franqueza os Amores Platônicos são a génese de algo com um final anunciado.
São assim que todos os Amores começam dizes-me tu. Eu digo-te que são assim que alguns Amores se começam a desvanecer.
Recua no Tempo e repara no desfecho dos maiores dos Amores Platônicos. Todos com um fim trágico.
É certo que ficaram na História, mas de que serve perpetuar no Tempo algo que nunca se consumou?
Agora dizes-me que sou um cínico. Aceito. Contudo não sou hipócrita.
Sei o que é ser intenso quando se ultrapassa a Metafísica e nos entregamos sem reservas. 
Todos os tipos de Amor são válidos dirás-me tu. Verdade, direi eu. 
Há uma coisa em que divergimos, tu contentas-te com as imagens que a tua mente vai construindo e como a nossa mente é perita em nos pregar truques, facilmente cairás na tua própria ratoeira. Eu necessito de mais. Não me basta senti-lo, preciso de o viver. Com todos os acessórios. De uma forma física e real.
És tu a racional? Perfeita antítese..

Faith




segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Take a wish

Pensa num desejo. Espera, não me digas naquilo que pensaste.
Se se concretizar depois dizes.
Já se concretizou?! Sério?! 
Queres contar então?
Desejaste que eu te desse a mão? Foi esse o teu desejo?
Podias ter desejado tantas coisas..

O desejo era meu e escolhi em consciência.
A tua mão, aquece-me, protege-me, segura-me.
Na tua mão encontro abrigo,  a pele calejada pelos anos confere-me confiança.
É verdade que podia ter escolhido outras coisas, mas é a tua mão que mais desejo.

A minha mão já era tua..
Pensei que desejasses algo que ainda não possuísses, ou que ansiasses.
Ainda se tivesse uma pele macia (risos)..
Agora terei de te dar sempre a mão?
Sinto uma responsabilidade acrescida.
Mesmo tendo sido o desígnio de um desejo.

Pensas que te dou como garantido? Ou à tua mão?
Desejei aquilo que mais anseio. 
Quando me disseste que pedisse um desejo, era a tua mão que eu naquele momento mais queria. Assim do jeito que ela é.
Não carregues o peso dessa responsabilidade, não é tua. 

Aquilo que me estás a dizer é que não se devem desperdiçar desejos.
Estás a ensinar-me que podemos desejar aquilo que já possuímos.
De repente isso faz-me tanto sentido..
Como uma lareira que nos aquece e dá conforto nas noites frias de inverno, só resiste se lhe formos acrescentando mais lenha.

Estou a dar-pistas.
Quero que encontres nas coisas mais simples o alimento que te vai fortalecer para enfrentares aquelas mais complicadas.
Não menosprezes a tua mão. Tem muito mais poder do que possas imaginar.
Isto não tem nada de metafísico, é real.

A minha mão é tua...

A tua mão já era minha...


Sem despertador

Bom dia. 
Não me lembro da última vez em que acordei assim tão devagarinho.
O quarto continua às escuras, o meu iPad diz que são 11:37 horas. 
Recordo-me bem ao longe de ter recebido duas chamadas esta manhã (fui confirmar ao registo do telemóvel) . Uma de um colega de trabalho, não me lembro do que falámos, mas certamente grunhi algo e despachei-o. A outra da miúda cá de casa que me pareceu ter sido mordida por uma abelha. (A minha mãe diz que nestes casos se deve meter uma moeda por cima do local da picada. Não me recordo se lhe disse isso.)
Coloquei uma música enquanto acordo neste ritmo tão raro. Normalmente levanto-me à pressa. Está a saber-me tão bem esta ronha inocente, este acordar lentamente, esta tranquilidade que habita no meu quarto.
Sinto uma isenção de responsabilidade que me permite simplesmente descansar.
Enquanto escrevo, tenho de voltar muitas vezes atrás e corrigir aquilo que vou escrevendo. A minha coordenação motora ainda está a 60%. 
Tenho fome, apetece-me uns ovos mexidos. Será que se for a correr à cozinha cozinha-los e voltar, não corrompo este momento, este Estado de Graça?
Estou aqui nesta luta, vou ou fico. Eu acho que se for rápido ainda consigo voltar e recuperar esta letargia boa... ( vou arriscar, a fome é muita).
Eu sabia. Estou de volta ao quarto e à cama, pequeno almoço no tabuleiro, mas aquela ronha tão boa e despretensiosa foi embora.
Pelo menos tenho a minha sandes de hambúrguer,queijo Terra Nostra , Philadelphia e os meus ovos mexidos com queijo de cabra e uma banana para rematar.
São 12:21 horas, estou quase há uma hora para escrever um texto, que normalmente levaria uns 15 minutos para começar e finalizar.
12:31 horas. Estive dez minutos a olhar para o teclado e sem saber aquilo que escrever mais neste texto. Porra, foi-se o 
momento...(acho que as moedas que se usam para as ferroadas de abelha têm de ser daquelas pretas, de cêntimos).
Slowly