quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Limbo

Hoje quero falar-te de lugares comuns.
De encontros, desencontros e da falácia das palavras.
Quero que saibas que as palavras de nada valem se ditas contra o vento ou se escritas na espuma das ondas.
Quero que entendas o significado do Verbo Pertencer. Não se pertence a ninguém, mas podemos pertencer no Tempo mesmo que o espaço nos leve para o éter.
Somos as escolhas que fazemos (avisei que ia falar de lugares comuns), mas entregá-las ao acaso não me parece um acto de justiça, é mesmo cobardia.
Respeito. Tens uma noção de respeito tão distorcida.  Gritar, massacrar, ferir, é faltar ao respeito; e tomar decisões numa gota de orvalho e no dia a seguinte assumir indecisões que entretanto causaram efeitos na vida daqueles que simplesmente confiaram? É tão fácil fugir e deixar que o filho da puta do Destino se encarregue dos inocentes.
Todos queremos paz e tranquilidade. Lugar comum tão citado. E, quando nos dão a Paz e a tranquilidade que buscamos e ainda assim nos olham como se fossemos os culpados pela criação do Inferno?
Eu sei o que é querer fugir. Fugir é algo que nos é permitido, errado são os danos colaterais que a nossa fuga temperada de egocentrismo pode provocar.
Culpa. Culpar os outros pela nossa insatisfação é um acto de egoísmo. Mesmo quando apregoamos o contrário. Consciente ou inconscientemente ferimos aqueles que nos foram dedicados e não sentimos culpa, porque a culpa é sempre dos outros e nós somos seres magistrais.
Somos seres perfeitos até deixarmos de o ser. Eu sei, é tão mais fácil apontar as imperfeições dos outros. Isenta-nos de qualquer responsabilidade.
Um dia irás perceber que a honestidade e o respeito vai muito para além da definição que lhes conferes.
Talvez não seja eu  o desalinhado desta história, talvez seja eu quem se está a esforçar para perdoar os actos camuflados de caprichos anões de quem um dia quis tudo e no seguinte quase me roubou a sanidade mental deixando-me sem nada.
Sabes que também sabes ser cruel?
(foto by @ahcit)
Nonsense

6 comentários:

  1. Bastante forte este teu texto. Denoto não raiva, mas uma enorme desilusão. Que não percas a tua sanidade mental e como falamos de lugares comuns: - Para à frente é que é o caminho.
    Beijinhos

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    1. Sabes .. adorava poder ser a personagem de um filme, daqueles bons, mais alternativos e ter apenas de desempenhar o papel que o argumentista escreveu para mim, ser dirigido pelo Realizador e não ter qualquer responsabilidade pelas ações da minha personagem.. era isso que eu gostava.

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  2. A vida é mesmo um somatório de clichês. Entendo a dificuldade de lidar com as escolhas dos outros. Somos péssimos no que toca a auto avaliação. Concordo quando dás o beneficio da duvida da intenção, mas não te iludas, somos por Natureza seres egoistas. Temos a necessidade crescente de nos justificarmos perante nós próprios de que as escolhas que fazemos são as melhores para nós e para os outros e esquecemo-nos que não estamos na outra pele. Existem de facto pessoas cruéis e nem sequer têm noção disso. Quando as encontrares afasta-te delas.

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  3. “É tão fácil fugir e deixar que o filho da puta do Destino se encarregue dos inocentes.”
    Faz tanto sentido esta tua frase. Nem imaginas o quanto me faz sentido Paper Cut.
    Eu acredito que o Destino cuida dos inocentes, preciso tanto de acreditar nisso.
    Não imaginas como me revejo neste texto. Tocaste na ferida.
    Obrigada pelas tuas palavras que tenho a certeza que não foram escritas na espuma das ondas.
    Beijinhos

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  4. Indubitavelmente a razão e a emoção muito raramente conseguem andar de mãos dadas. Acrescento mesmo que são arqui-rivais. Destrinçar entre uma e outra é um exercício quase hercúleo. Soa-me a desabafo . Espero que já tenhas saído dos cuidados paliativos e que não te afastes do caminho que te leve ao teu lugar de conforto.

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  5. Quando aquilo que nos fez bem, que era puro e bonito passa a fazer-nos mal, o melhor é afastarmo-nos. A falta de respeito é mais do que razão para te afastares. Por mais que doa agora, tentar ficar só terá tendência a piorar.
    Independentemente das razões que ambos possam ter, a honestidade, essência e respeito são o que mais importam.

    Se puderes, passa o fim-de-semana com o Dudu. Precisas de paz e de oxigénio, de harmonia e aconchego. Do sorriso e de seres criança com ele. É o teu porto de abrigo e esse Amor incondicional e infinito ajudar-te-á.

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