De nos fundirmos com a Lua Cheia como nossa madrinha?
Recordas-te de quando ouvíamos a mesma música, tu numa dimensão, eu noutra e ambos na mesma?
De chorarmos porque o Amor assim o exigia?
Das portas, das janelas, das ruas, do pouco que tínhamos e do quanto nos preenchia?
De nos levarmos ao limite, de nos massacrarmos, ferir-mo-nos e de transformarmos a dor em exílio e sermos Felizes só por nos termos?
De me pedires para não ter medo, para confiar, percorrer o arame a mil metros de altura, sem rede que me amparasse a queda?
De me colares com a tua saliva, criando-me fundações mais fortes do que betão armado?
Da paixão avassaladora e descontrolada que nos carregava e nos segurava deixando-nos repousar para apenas a desfrutar?
E, dos abraços? Lembras-te dos nossos abraços? Do quanto nos alimentavam?
Lembras-te que éramos tudo e não existia o nada?
Recordaste-te que não tínhamos bússola, que nos perdíamos e que nos voltavámos sempre a encontrar?
Das promessas que nunca quebrámos? das promessas que nunca ousámos fazer?
Dos lugares que os teus olhos partilharam com os meus?
Da chuva que nos aconchegava, em noites frias?
De me entregares os teus fantasmas para que eu os guardasse numa caixa estanque e impenetrável?
Tal qual duas Cegonhas construirmos o nosso ninho, sem pressa, sem esforço?
Lembras-te quando éramos tudo e agora não somos nada?