sábado, 10 de fevereiro de 2018

Fade out...

Lembras-te quando éramos tudo e não existia o nada? 
De nos fundirmos com a Lua Cheia como nossa madrinha?
Recordas-te de quando ouvíamos a mesma música, tu numa dimensão, eu noutra e ambos na mesma?
De chorarmos porque o Amor assim o exigia?
Das portas, das janelas, das ruas, do pouco que tínhamos e do quanto nos preenchia?
De nos levarmos ao limite, de nos massacrarmos, ferir-mo-nos e de transformarmos  a dor em exílio e sermos Felizes só por nos termos?
De me pedires para não ter medo, para confiar, percorrer o arame a mil metros de altura, sem rede que me amparasse a queda?
De me colares com a tua saliva, criando-me fundações mais fortes do que betão armado?
Da paixão avassaladora e descontrolada que nos carregava e nos segurava deixando-nos repousar para apenas a desfrutar?
E, dos abraços? Lembras-te dos nossos abraços? Do quanto nos alimentavam?
Lembras-te que éramos tudo e não existia o nada?
Recordaste-te que não tínhamos bússola, que nos perdíamos e que nos voltavámos sempre a encontrar?
Das promessas que nunca quebrámos? das promessas que nunca ousámos fazer? 
Dos lugares que os teus olhos partilharam com os meus? 
Da chuva que nos aconchegava, em noites frias?
De me entregares os teus fantasmas para que eu os guardasse numa caixa estanque e impenetrável?
Tal qual duas Cegonhas construirmos o nosso ninho, sem pressa, sem esforço?
Lembras-te quando éramos tudo e agora não somos nada?
 

6 comentários:

  1. Que Lindo poema. É a prova de que as emoções conseguem ser tão voláteis e os sentimentos efémeros. No entanto no final resta sempre algo, nem que seja a memória de que algures no Tempo vivemos algo com tamanha intensidade. Considero este Poema um hino à Paixão. É sinónimo de que estás vivo, bem vivo ;)
    Beijinhos.
    J.

    ResponderEliminar
  2. Uau.. fiquei deslumbrada e ao mesmo tempo com inveja da Pessoa que te inspirou para escreveres este texto. Concordo inteiramente com o anónimo que comentou acima. Como pode uma coisa tão intensa esfurmar-se e transformar-se em nada? Somos seres tão estranhos..
    Obrigada pela linda partilha Paper Cut.

    ResponderEliminar
  3. Sentir algo com essa intensidade é fantástico. Quantos de nós chegaremos ao final das nossas vidas e não tivémos o previlégio de sentir dessa forma? Nem todos os filmes têm finais felizes, mas mesmo esses podem ser de uma beleza gigante.

    ResponderEliminar
  4. A beleza do teu texto é indiscutível, mas é também um murro no estômago.
    Que consigas sarar as tuas feridas e voltes a encontrar a felicidade.
    É um fade out, mas mereces voltar a ouvir e sentir acordes sonoros e músicas que te preencham.
    Beijinhos e um bom fim-de-semana
    (Os posts sobre o Kukas costumam ser os meus preferidos pelo vosso carinho e cumplicidade, pelo aconchego e harmonia que transmitem. Mas é impossível ficar indiferente a textos como este)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É aqui que partilho todas as emoções que se vão desenrolando em mim. Não tenho dúvida nenhuma que a minha banda sonora ainda vai a meio ;) Tens razão em relação aos textos sobre o Kukas, também são os meus favoritos; mas é tão fácil escrever sobre aquele que mais me faz sorrir e por quem sinto um Amor incondicional e infinito. Beijinhos

      Eliminar
    2. Agora que releio o que escrevi, "acordes sonoros" soa muito mal. Mas era no sentido de som alto e que não se desvanece.
      Que continues a escrever, sobre o Kukas e não só. Consegues sempre fazê-lo com genuinidade.

      Eliminar