sábado, 19 de maio de 2018

Olhos vendados

Nem tudo aquilo que parece é verdadeiramente.
Passamos a vida a acreditar em verdades absolutas que nem sequer questionamos por nos serem impostas quase como de uma forma genética.
O livre arbítrio parece-me na maior parte das vezes quase uma utopia.
Cremos na Justiça e duvidamos dela ao mesmo tempo. Temos uma Fé podre, corroída, volátil.
Sugamos aquilo que de melhor existe nos outros e preferimos rebentar como um balão cheio de ar, a partilhar.
É tão fácil fazer juízos de valor quando estamos protegidos na nossa redoma de vidro. Esquecendo-nos o quão frágil pode ser o vidro e que esse escudo pode ser tão fácil de quebrar, deixando-nos expostos.
A Memória é algo de incorruptível e ainda assim conseguimos distorcê-la consoante as nossas premissas laminadas de egocêntrismo.
No dia em que dermos de cara com a realidade temos duas opções; aceitá-la ou fugir-lhe.
Não nos apercebemos, mas temos a capacidade de Viajar no Tempo. Não lhe podemos tocar, mas conseguimos ter a percepção de onde viemos e sobretudo daquilo que fomos. Isso por si só é uma das maiores ferramentas a que querendo, podemos ter acesso.
Falhar é tão natural que nos esquecemos que é algo que nos é permitido.
Claro que preferimos o conforto das coisas com as quais não temos de lidar. Somos preguiçosos congénitos.
Se me disserem que é mais fácil agir do que pensar eu nunca o aceitarei. Se o faço? Faço-o demasiadas vezes. Sou a antítese daquilo em que acredito.
Quando preciso de ser Racional tenho de fazer um esforço extra. Quando o consigo ser fortaleço-me; quase como se tomasse uma dose de vitaminas.
Existem armas mais poderosas e destrutivas do que as palavras. Existem olhares mais afiados do que gumes de punhais cujo veneno não tem antídoto.
Um dia todos seremos pó, mas até lá somos a soma das nossas acções e de todas as nossas escolhas. Eu escolho perpetuar tudo aquilo que me tem feito bem e sobretudo todos aqueles que algures no Tempo me deram um bocado de si. Não existe maior partilha nem maior altruísmo.
Truth Is A Beautiful Thing

terça-feira, 15 de maio de 2018

For you...

Há demasiado tempo que aqui não venho.
Nos últimos meses muito se passou. Comprei uma casa, separei-me, vendi a casa, estou a comprar uma nova casa..
Nos últimos 5 anos muito se passou. Separei-me, mudei de casa 9 vezes, apaixonei-me, voltei a separar-me.
Nos últimos 3 anos muito se passou. Cresci, colei pedaços de mim, voltei a despedaçar-me, estou novamente a reconstruir-me.
No último mês muito se passou. Tive de lidar com o recomeço, conheci pessoas fantásticas que me deram a mão sem pedirem absolutamente nada em troca.
Quero falar de uma dessas pessoas. De uma forma completamente inesperada deu-me a mão e não mais ma largou. Abriu-me a porta da sua casa e fez dela minha. Mima-me diariamente.
Temos uma cumplicidade tão genuína que não precisamos sequer de comunicar verbalmente. O seu olhar diz-me tudo. É tão fácil de repente recomeçar. Deixei de ter dias negros, passei a ter noites em que a Paz que sinto me torna a cada dia mais forte e mais capaz de enfrentar qualquer obstáculo.
Existem pessoas que o Universo nos "empresta" como se de uma recompensa se tratasse. Como se o Universo equilibrasse a nossa existência.
Gratidão sempre foi uma das palavras que levei mais a sério. mais do que a palavra, o sentimento de me sentir grato.
Sinto-me tão cheio de gratidão por teres vindo em pés de lã ao meu encontro e me teres obrigado a deixar-me ser guiado por ti.
És especial por todos os motivos que já aqui frisei, mas sobretudo por aqueles que só nós sabemos e que te tornam nessa Mulher tão única.
 Obrigado.


Esta é uma das nossas ;)

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Words with Wings

From the day I tore my skin with your words
You stayed forever in me.
each letter a piece of your soul
every piece of your soul a drop of honey

If we had not met, we would never be strangers.
now apart we are the sum of something intense that has turned into nothing
we went all too fast
we live at eighty until we get to eight

If I miss you
if I want you
maybe you will never know the truth
But even far away I feel close to you.

I still keep all the smells
I still remember the color of your eyes.
if I know you?
I know every bit of you.

we flew together without wings
we dreamed together awake
we cried together black tears
we had the best and the worst of us

If I miss you
if I want you
maybe you will never know the truth
But even far away I feel close to you.

I can not say goodbye ...

sábado, 14 de abril de 2018

A morte e etc..

Hoje enquanto passeava com o meu filho no jardim ele disse-me:
- Papá, eu gostava de ser uma planta.
-Uma planta? Mas as plantas estão sempre no mesmo local, não podem brincar, nem conhecer o Mundo..
-Mas eu gostava de ser uma planta.
-Porquê filho?
-Porque as plantas não morrem..
-As plantas também morrem Dudu.
-Então gostava de ser água, porque a água anda por todo o lado e não morre.
- Sim filho, a água percorre o Mundo, mas a água também evapora e desaparece.
-Então o que é que não morre Papá?
- Talvez uma rocha filho.
- Então gostava de ser uma rocha.
-Tens medo da morte filho?
-Sim Papá.
-Não tenhas filho. O importante é sermos felizes nas nossas vidas e quanto mais felizes formos menos medo da morte teremos.
-  Vais morrer Papá?
-Só quando for muito velhinho filho e nessa altura vais perceber que a morte não é assim algo tão assustador.
- O que quer dizer etc Papá?
-Quer dizer entre várias coisas. Porquê Dudu?
- Porque ouvi uma senhora a dizer a outra que o namorado era estupido, burro, etc...

sexta-feira, 30 de março de 2018

O Silêncio como um punhal

O silêncio pode ser tão ensurdecedor. Vem acompanhado de barulhos de pensamentos, de memórias, que quase me rebentam os tímpanos. Tenho agora essa noção, de que o vazio auditivo é uma arma afiada. Custa-me viver em silêncio, necessito de estímulos sonoros que abafem a distorção causado pela ausência de som. Sei que um dia o silêncio virá limpo e isento de ruídos lacerantes.  Ainda não estou preparado para essa pureza que a ausência da desordem criada pelo silêncio corrompido me pode trazer. 
Este silêncio em que vivo sufoca-me. Prefiro os gritos de um bebé na sala de espera de um consultório, o ruído da máquina de lavar roupa a centrifugar, o ladrar de uma matilha de cães.. prefiro qualquer barulho ao ruído deste meu silêncio.
Para o To Zé

quarta-feira, 21 de março de 2018

Evolution road

Hoje sonhei contigo.
Vi-te de mão dada com alguém. Parecias tão feliz.
Senti a tua felicidade de uma forma despretensiosa.
No sonho eu estava em pé em frente a uma janela quando vos vi.
Estranho estar a pensar em ti naquele momento, ver-te com outro e não sentir dor. 
A realidade é tão diferente. Tão mais dura e angustiante.
Quando acordei senti um misto de emoções. Por um lado, ainda bem que tinha sido apenas um sonho, por outro senti que o caminho é este. 
Alimentar o desapego, mesmo quando não nos faz sentido. 
Há uns tempos atrás este sonho teria sido um pesadelo. Hoje foi uma espécie de epifania. Aceitar aquilo que não controlamos e sentirmos a felicidade daqueles de quem gostamos.
Finalmente começo a perceber que a minha bússola  já não está avariada. Leva-me para onde tenho de ir.
Não desisti de ti, mas percebi que tinha desistido de mim. Estou a reconstruir-me. 
De repente encontrei uma caixinha de ferramentas que me têm sido bastante úteis e que são a minha tábua de salvação.
Uma dessas ferramentas é um espelho, para onde olho quando acordo e me obrigo a dizer em voz alta que eu sou a pessoa mais importante e que vou trabalhar para alcançar objectivos que me tragam bons momentos.
Há tanto tempo que não me sentia tão tranquilo, tão isento de agonia.

Fade into you 


quinta-feira, 15 de março de 2018

Love can be grey

- Que sabes sobre o Amor?
- Que é volátil.
- Apenas isso?
- Também é puro, desmedido, irracional e venenoso.
- Só sabes isso sobre o Amor?
- Sei que mata. Destrói de dentro para fora. Como uma implosão.
- Sabes tão pouco sobre ele..
- Posso acrescentar que nos limita. Impede-nos de de andar em linha recta.
- O Amor tem cor?
- É branco e negro.
- Acreditas em magia?
- Não.
- Então nunca amaste...
Love sometimes can be smooth


terça-feira, 6 de março de 2018

#Limbo2

Sobriedade.. Afinal o que é isto de estar sóbrio?
 Não beber, não usar drogas? Eu não faço nada disto e nunca estive sóbrio. 
 Dizem que estar sóbrio é estar limpo e sereno.
O que é essa merda de estar limpo e sereno? 
 Existem tantas outras formas de nos inebriarmos. 
Eu sou viciado em emoções. Injecto-as à bruta. 
Agora que nada sinto estou a ressacar ferozmente.
 Este deserto em que o meu peito se tornou, está a consumir-me.
 A minha cabeça está oca, vazia de qualquer desejo. 
A minha Alma fugiu-me.
 Esta ressaca que me consome conduz-me a um quarto negro onde já estive e não quero voltar. 
Dizem-me para ser mais racional. 
Digam a um tigre para se tornar vegetariano. 
 A minha Natureza não é essa.
 Podem pôr-me a dormir?
 É a única forma de conseguir ter Paz.
 Foda-se,  como se foge da agonia e do vazio?

Le coeur qui ne rentre pas

Hélas ! je n'étais pas fait pour cette haine 
Et pour ce mépris plus forts que moi que j'ai. 
Mais pourquoi m'avoir fait cet agneau sans laine 
Et pourquoi m'avoir fait ce coeur outragé ?

                   (...........)

Paul Verlaine
#dayone

quinta-feira, 1 de março de 2018

A minha pele como Relicário de Palavras.


Hoje rasgaram-me a pele com palavras. Ficarão lá gravadas enquanto a minha pele for pele.

O poder das palavras é algo demasiado valioso para ser subestimado. Algumas venero, outras desprezo; mas mesmo essas são portentosas. Não ouso sequer suaviza-las ou mascará-las.

Há quem valorize os actos em comparação com as palavras. Mas as palavras são actos enclausurados num qualquer Tempo cujo significado pode ter mais acervo do que um qualquer outro feito.
Valorizo aquelas que são secretas, ditas ao ouvido. Num tom baixinho como todas as palavras preciosas devem ser pronunciadas.
Ha aquelas mais pálidas, inseguras, fruto de um filtro que as transforma e lhes dá o poder de mudar o significado.
Recebo-as de mão aberta quando vindas desamparadas. Porque às vezes são tão frágeis que necessitam de quem as cuide.
As de Cristal.. essas pego-lhes com luvas brancas de algodão, com o cuidado com que se agarra num recém-nascido e posou-as numa caixa forrada a veludo .
Sou um Curador de palavras. Umas exponho-as em lugar de destaque , outras disponho-as numa espécie de parede branca como um degradê cronológico, outras guardo no armazém da cave e resgato-as sempre que a necessidade assim o exija.
As Palavras. Para sempre as palavras como um emaranhado de fios de seda que com a precisão de um bom tecelão se desenrolam suavemente na memória.
Words