sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Estranhos enganos

Por vezes queremos falar com o João e quando damos por nós estamos a falar com a Joana.
Estranho.. de onde apareceu esta Joana? 
Será o Universo a testar-nos? Porque de repente aquilo que tinha para dizer ao João deixa de fazer sentido quando aquilo que a Joana tem para me oferecer é exactamente aquilo que eu precisava naquele momento.
Não sei para onde foi o João, nem de onde apareceu a Joana; mas é-me oferecido de bandeja o equilíbrio que eu tanto necessitava. Bem vinda Joana, até já João.
Mais do que Amor, Paixão, ou alguém que nos carregue ao colo, aquilo que mais falta nos faz é não sentirmos a necessidade de nos sentirmos sós. A solidão é terrível quando não a buscamos. 
Preciso do João, mas não tinha noção do quanto estava a precisar da Joana. 

Gosto de portas abertas, nunca se sabe quando poderá entrar uma Joana e mudar a nossa forma de olhar para aquilo que se está a passar à nossa volta.
Para o Joao e para a Joana

A Alma em retalhos


Sou por norma um céptico. Não acredito em Deus, nem no Céu, no Paraíso ou no Inferno.
Ultimamente acredito que as pessoas possuem uma Alma. Que habita nelas e que se vai dividindo e espalhando pelos sítios por onde passam.
Consigo sentir essa presença nos lugares que marcaram de alguma forma a passagem de pessoas que me são ou foram queridas. 
Ficou lá um bocadinho das suas almas, como um marco intemporal e continuo.
Normalmente aquilo que absorvo nesses lugares são pequenas doses de Nostalgia. Umas vezes abrem feridas, outras provocam sorrisos. 
Gosto de acreditar que a Alma é a essência mais pura das Pessoas, a sua base e a sua verdadeira identidade. 
Hoje passei por alguns desses lugares e senti a tua presença em cada um deles. 
Provocou-me sensações díspares, mas intensas.

Acredito que a Alma perdura para sempre , não como uma memória mas como um conjunto de retalhos daquilo que somos de verdade.
 The sound of silence

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Coisas que me irritam.

Irritam-me copos meio cheios e copos meio vazios. Sou pela conformidade.
Irritam-me aqueles que sabem tudo aquilo que é melhor para mim. Quando eu não faço a puta da idéia daquilo que é melhor para eles.
Irritam-me as pessoas que saiem de uma sala de cinema e divagam sobre a intenção do Realizador, quando não perceberam um caralho do argumento.
Irritam-me os tipos que passam por mim na rua e que me pediram amizade no Facebook e nem sequer um Bom dia me dão.
Irritam-me os Políticos a discutir Política.
Irritam-me os Pet Freendly que não apanham a merda dos seus cães no chão.
Irritam-me aqueles que passam a vida a queixarem-se de tudo e de nada.
Irrita-me a letargia.
Irrita-me a disparidade que existe entre a Inteligência e Esperteza.
Irrita-me precisar tanto de auto-estima.
Irrita-me ter aquilo que preciso e ainda assim nunca ser suficiente. Chega a ser penoso não saborear.
Irrita-me comer mal e pagar bastante.
Irrita-me a ingratidão.
Irrito-me com a arrogância .
Irrita-me a minha falta de filtro.
Irrita-me quando vou a um concerto e que o som não esteja em perfeitas condições.
Irrita-me a prepotência.
Irrita-me que me toquem no esterno.
Irrita-me a assertividade e a falta dela.
Irritam-me camisolas de gola alta.
Irrita-me ver talheres cruzados na mesa.
Irritam-me eufemismos.
Irrita-me o silêncio desconfortável.
Irrita-me ouvir desafinar.
Irrita-me quando o esforço não é recompensado.
Irritam-me aqueles que não se esforçam.
Irrita-me saber que vou morrer.
Irritam-me pessoas burras por opção.

Tanto há que me irrita, que já me sinto irritado.

The silence comes with the fog

The Seagull

When I was a child, before I knew the word
for a snowstorm, before I remember
a tree or a field,
I saw an endless grey slate afternoon coming,
I knew a bird singing in the sun
was the same as a dog barking in the dark.
A pigeon in a blizzard fluttered
against a kitchen window,
– my first clear memory of terror,
I kept secret, my intimations
I kept secret.

This winter I hung a grey and white stuffed
felt seagull from the cord of my window shade,
a reminder of good times by the sea,
of Chekhov and impossible love.
I took comfort from the gull, the graceful shape
sometimes lifted a wing in the drafty room.
Once when I looked at the gull I saw
through the window a living seagull glide
toward me then disappear, – what a rush of life!
I remember its hereness,
while inside the room
the senseless symbol
little more than a bedroom slipper
dangled on a string.

Beyond argument, my oldest emotion
hangs like a gull in the distant sky.
Eyes behind bars of mud and salt
see some dark thing below,
– my roof under the sea.
Only the sky is taken for granted.
In the quiet morning light,
terror’s the only bird I know,
– although birds have fed from my hand.


STANLEY MOSS (1982)
 back to basics

domingo, 21 de janeiro de 2018

Estórias com histórias

Nem todas  as histórias são de Amor. Mesmo as que são nem sempre têm um final feliz. Até as que terminam mal podem ser boas histórias, com momentos plenos de felicidade. 
Existem histórias de conquista, de metamorfose, de perda; há histórias repletas de sorrisos, de lágrimas, de olhares cúmplices, de abraços apertados. 
As minhas histórias são tão boas quanto as dos outros e tão trágicas como outras.
Consigo vivê-las com bastante intensidade, mas revivê-las corrói uma parte de mim, que não mais regenera.
As piores histórias são as de perca. Essas assombram-me de uma forma cortante.  Nunca me consegui preparar para perder algo ou alguém cujo significado fizesse parte de mim. Nós não funcionamos aos bocados, precisamos de estar inteiros. Esse rasgar de uma parte da minha essência, irreversível, altera quem sou, criando em mim uma mutação.
Aceitar é evoluir, olhar em frente. Criar novas bases, traçar novos caminhos; mas a aceitação é tão difícil quando aquilo que temos de aceitar é tudo aquilo que menos sentido nos faz. 
Somos um  e somente um. Porque é tão difícil bastar-mo-nos, sem muletas, sem acessórios, sem alguém por quem ansiamos tanto dar a mão?
As minhas histórias têm tido todo o tipo de enredo, tristeza, felicidade pura, angústia, sorrisos, medo, Paixão... 
A maior delas ainda está para ser vivida, ou então todas as outras são fragmentos de algo maior que ainda está inacabado.



domingo, 27 de agosto de 2017

Os meus Gatos



Apresento os meus gatos. .
Vou começar pela amarela, a Hortelã. Encontrámo-la  na rua com cerca de duas semanas, em muito mau estado. Doente e mal tratada. Sorte a dela haver cá em casa uma Veterinária que a reabilitou e salvou. É a nossa gata mais normal. Parece mesmo um gato. Muito meiga, gosta de estar sempre onde nós estamos. Tem uma predileção por sitios altos.
A que está ao lado é a Pimenta. Quando a Hortelã veio cá para casa, fomos a uma loja de animais comprar-lhe uma cama e estavam lá cinco gatos bebés para adoção, sendo um deles a Pimenta. Foi amor à primeira vista e trouxemo-la para casa juntamente com a cama nova da Hortelã. Demoraram cerca de três dias a relacionarem-se e desde aí que são como irmãs legítimas. A Pimenta é a Gótica lá de casa, adora isolar-se, esconder-se dentro de armários e gavetas o que por vezes nos faz andar imenso tempo à procura dela. Só vem ter connosco quando lhe apetece.
O de cima que está deitado em cima dos livros é o Mário. É um gato que estava no canil e que veio muito traumatizado. Foi o único sobrevivente de cerca de 20 gatos que foram atacados por cães e no canil tinha um comportamento que indicava ser agressivo para com as pessoas, o que fazia com que ninguém o adoptasse. Na verdade não é nada agressivo, É super medroso e raramente deixa que o agarremos, foge sempre que o tentamos fazer. Agora, passados uns meses já vem ter connosco e deita-se ao nosso lado, mas se lhe começamos a fazer festinhas foge e vai para o sitio favorito, A Pilha de Livros de História de Arte.
Já são parte da Família e mesmo com alguns desajustes, são os melhores gatos do Mundo.

sábado, 26 de agosto de 2017

A Boy and His Dad




A boy and his dad on a fishing trip-
There is a glorious fellowship!
Father and son and the open sky,
And the white clouds lazily drifting by,
And the laughing stream as it runs along
With the clicking reel like a martial song,
And the father teaching the youngster gay
How to land a fish in the sportsman's way.

I fancy I hear them talking there
In an open boat, and speech is fair;
And the boy is learning the ways of men
From the finest man in his youthful ken.
Kings, to youngster, cannot compare
With the gentle father who's with him there.
And the greatest mind of the human race
Not for one minute could take his place.

Which is happier, man or boy?
The soul of the father is steeped in joy,
For he's finding out, to his heart's delight,
That his son is fit for the future fight.
He is learning the glorious depths of him.
And the thoughts he thinks and his every whim,
And he shall discover, when night comes on,
How close he has grown to his little son.

Oh, I envy them, as I see them there
Under the sky in the open air,
For out of the old, old long-ago
Come the summer days that I used to know,
When I learned life's truth from my father's lips
As I shared the joy of his fishing trips-
A boy and his dad on a fishing trip-
Builders of life's companionship!

by: Edgar A. Guest

Vinyl

Mick Jagger e Martin Scorsese produziram uma das melhores séries que vi em Televisão. Estranhamente "Vinyl", ficou-se por uma temporada apenas.

É Rock & Roll puro . Demasiado pesada, dizem alguns, pornografia musical, dizem outros. Para mim é um orgasmo visual e auditivo. 

Por favor HBO não a deixes na gaveta. 

Não vou falar mais acerca dela, para aqueles que não a viram terem a oportunidade de serem surpreendidos tal como eu fui.

Um cheirinho de Vinyl

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Anti-Metamorfose





Tons de cinzento em dias de Verão
Passos curtos, longa estrada

Sorrisos mal amanhados

Clareiras de fuligem opaca 

A lenta cadência das sílabas

Árvores que se dobram com uma ligeira brisa

Viúvas sem expessão
Sede insaciável
Olhares que se cruzam à beira rio
Insatisfação dormente
Ausência de dinâmica
Principio de algo já terminado
Folhas de papel amassadas
Caixas e caixas vazias
Bússola avariada, Norte desconhecido
Mapas em branco
Sorrisos inexpressivos
No mar, ondas sem espuma
No Céu Estrelas sem Luz
Vinde ao meu Reino sem muralhas
Parte sem te despedires

sábado, 12 de agosto de 2017

Falha técnica ou Voodoo.

Na semana passada comprei um telemóvel. Era aquele que eu queria. Misteriosamente o aparelho funciona perfeitamente em todo o lado.. Excepto no escritório da empresa onde trabalho. Não tem rede.
Fui à operadora e pedi uma segunda via do cartão Sim, seguindo a sugestão de um técnico. Nada de rede na mesma. Formatei o telemóvel conforme também me foi sugerido..rede zero no escritório.
Falei ontem ao telefone com um técnico(ou sapateiro, não estou certo) que me disse para ir à Loja no Centro Comercial Colombo onde estaria até às 21:00 horas. Tinha uma coisa combinada para as 20.00 horas e o Kukas para ir buscar ao colégio às 18.00 horas. Tinha 2 horas para fazer cerca de 60Km(ida e volta), reparar o telemóvel e estar em casa às 20.
Kukas no carro, A1 e lá fui para  Lisboa. Esqueci-me que o Sporting jogava ontem, segunda circular entupida. Fugi para o IC17, acidente. Consegui chegar ao Colombo, o Kukas queria ir ver uma loja que não fazia idéia qual era e jantar no Mc Donalds. Lá consegui gerir a vontade do Kukas e a minha necessidade em ir à loja e convenci-o em irmos primeiro tratar do telemóvel.
Na loja, levaram o aparelho a uma sala onde supostamente estaria o técnico(ou sapateiro) e passados 2 minutos trazem-mo e dizem-me que o técnico disse que nada poderia fazer porque o telemóvel ali tinha rede. Tentei explicar que o problema só existia quando eu estava no escritório, que nos outros locais não tinha problemas de rede. Encolheram os ombros e vim embora.
Entretanto tive de ir com o kukas procurar a tal loja que ele não sabia o nome nem onde ficava, a única referência que me deu é que vendiam um boneco que se transformava em disco. Percorremos todo o piso zero do Colombo e de repente ele olha para o Continente e diz-me que é aquela loja, na zona dos brinquedos. Vistoriámos toda a área dos brinquedos e o tal boneco não existia. Felizmente ele estava com fome e lá o convenci a ir ao Mc Donalds. Decidimos comprar para levar e comeríamos no carro enquanto faríamos a viagem de regresso. Chegados ao parque de estacionamento, fui pagar, fomos para o carro sentei-o na cadeirinha e dei-lhe a comida para ir comendo na viagem. Sentei-me ao volante e quando fui à procura do cartão de estacionamento, não o tinha. Lembrei-me que com a pressa o deixei na máquina quando fiz o pagamento. Cinco minutos para convencer o meu filho a sair do carro para irmos ao apoio ao cliente e lá fui à procura do gabinete. Mais 10 minutos às voltas no parque. Foi um segurança connosco à máquina, abriu-a e lá estava o cartão. Com todas as voltas que demos no parque à procura do apoio ao cliente, o carro tinha "desaparecido".. Não fazia idéia onde o tinha deixado. Mais 10 minutos e o Kukas encontrou-o (momento de orgulho do pai). Sai do parque, entrei na segunda circular e o Kukas queria maionese nas batatas. Disse-lhe que estava a conduzir e que não conseguia abrir a saqueta e colocar a maionese nas batatas. Disse-me que se não conseguia fazer isso a conduzir então que parasse o carro. Ainda lhe tentei explicar que não podia parar ali, para ele comer as batatas sem maionese. Como ele tem 6 anos e não entende as regras de trânsito, a minha justificação não lhe serviu. Disse-lhe que pararia nas próximas bombas de gasolina e lhe punha a maionese. Concordou.
Consegui chegar a casa às 20.15 minutos, o Kukas disse-me que o Papá era o Sonic( não sei se o tome como elogio).
Entretanto estou a escrever este texto, no meu escritório com o meu telemóvel antigo...

Ontem senti-me como o Clint Eastwood