terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Eu e ele

Quando soube que ia ser Pai, nos primeiros dias foi terrível. Não foi premeditado e eu achava que não estava preparado. Morria de medo de não ser capaz de estar ao nível das expectativas exigidas a um pai. Pensava que já era demasiado "velho" e que não iria ter capacidade para acompanhar o ritmo do meu Filho.
Esses receios rapidamente se foram desvanecendo e desde que o Duarte nasceu, que o medo se converteu em Felicidade e Amor incondicional.
Este fim de semana ele quis ir ao Oceanário. Fomos lá a primeira vez quando ele tinha 3 anos e nesse dia não quis ver o aquário central porque tinha medo dos tubarões.
No sábado o objectivo eram os Tubarões. Quando os viu ficou desiludido, pensou que fossem maiores. Eu disse-lhe que ainda eram bebés e que estavam a crescer. Perguntou-me quanto tempo demoravam a ficar gigantes e eu disse-lhe que uns 20 anos. - Isso são mais do que mil dias Papá? Eu disse que sim e ele ficou um bocadinho desiludido.

De seguida fomos ver o mar, ele é fascinado pelo mar. Sobretudo pelas ondas quando rebentam. Estava bastante frio mas ele não queria arredar pé da
beira da praia.
Constipei-me nesse dia e no Domingo quando acordei, sentia-me doente, cheio de dores de garganta e no corpo. Pedi-lhe para fazer uns desenhos enquanto eu limpava a casa, que depois ia-mos almoçar fora e andar de Skate.
Estávamos ambos sozinhos e nesse dia tive de fazer um esforço enorme para ser o pai que ele merece. Só queria deitar-me e poder descansar, mas quando se é pai temos de ultrapassar todos os limites e lá fui ensiná-lo a andar de skate tal como ele me havia pedido.
Fomos para casa ao fim do dia e disse-lhe que estava a sentir-me muito doente se ele me deixava deitar um bocadinho no sofá enquanto ele desenhava e via os desenhos animados. Na inocência dos seus 6 anos, disse-me: - Papá, queres que faça festinhas onde te dói? Disse-lhe para me fazer festinhas na cara e adormeci com o meu filhote a tratar de mim. 

The best of me


segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Limbo

Hoje quero falar-te de lugares comuns.
De encontros, desencontros e da falácia das palavras.
Quero que saibas que as palavras de nada valem se ditas contra o vento ou se escritas na espuma das ondas.
Quero que entendas o significado do Verbo Pertencer. Não se pertence a ninguém, mas podemos pertencer no Tempo mesmo que o espaço nos leve para o éter.
Somos as escolhas que fazemos (avisei que ia falar de lugares comuns), mas entregá-las ao acaso não me parece um acto de justiça, é mesmo cobardia.
Respeito. Tens uma noção de respeito tão distorcida.  Gritar, massacrar, ferir, é faltar ao respeito; e tomar decisões numa gota de orvalho e no dia a seguinte assumir indecisões que entretanto causaram efeitos na vida daqueles que simplesmente confiaram? É tão fácil fugir e deixar que o filho da puta do Destino se encarregue dos inocentes.
Todos queremos paz e tranquilidade. Lugar comum tão citado. E, quando nos dão a Paz e a tranquilidade que buscamos e ainda assim nos olham como se fossemos os culpados pela criação do Inferno?
Eu sei o que é querer fugir. Fugir é algo que nos é permitido, errado são os danos colaterais que a nossa fuga temperada de egocentrismo pode provocar.
Culpa. Culpar os outros pela nossa insatisfação é um acto de egoísmo. Mesmo quando apregoamos o contrário. Consciente ou inconscientemente ferimos aqueles que nos foram dedicados e não sentimos culpa, porque a culpa é sempre dos outros e nós somos seres magistrais.
Somos seres perfeitos até deixarmos de o ser. Eu sei, é tão mais fácil apontar as imperfeições dos outros. Isenta-nos de qualquer responsabilidade.
Um dia irás perceber que a honestidade e o respeito vai muito para além da definição que lhes conferes.
Talvez não seja eu  o desalinhado desta história, talvez seja eu quem se está a esforçar para perdoar os actos camuflados de caprichos anões de quem um dia quis tudo e no seguinte quase me roubou a sanidade mental deixando-me sem nada.
Sabes que também sabes ser cruel?
(foto by @ahcit)
Nonsense

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Causa/efeito

Conta-me tudo sobre os Amores Platônicos.
Explica-me como saciar algo sem que se consuma a carne?
Entendo a intensidade, acredito que  seja real. Apenas desconfio da pureza.. Podes argumentar que tudo é puro até que se lhe toque.
Posso achar que é uma ilusão, podes contrapor e dizer-me que a Alma também precisa de alimento.
Talvez seja como sentir algo imaculado. É viver em Estado de Graça. Uma questão de Fé.
Vive-se (bem) assim
Existe com toda a certeza um enorme fluxo de Energia; mas a Energia não se esgota se não for alimentada? 
Para mim e desculpa a franqueza os Amores Platônicos são a génese de algo com um final anunciado.
São assim que todos os Amores começam dizes-me tu. Eu digo-te que são assim que alguns Amores se começam a desvanecer.
Recua no Tempo e repara no desfecho dos maiores dos Amores Platônicos. Todos com um fim trágico.
É certo que ficaram na História, mas de que serve perpetuar no Tempo algo que nunca se consumou?
Agora dizes-me que sou um cínico. Aceito. Contudo não sou hipócrita.
Sei o que é ser intenso quando se ultrapassa a Metafísica e nos entregamos sem reservas. 
Todos os tipos de Amor são válidos dirás-me tu. Verdade, direi eu. 
Há uma coisa em que divergimos, tu contentas-te com as imagens que a tua mente vai construindo e como a nossa mente é perita em nos pregar truques, facilmente cairás na tua própria ratoeira. Eu necessito de mais. Não me basta senti-lo, preciso de o viver. Com todos os acessórios. De uma forma física e real.
És tu a racional? Perfeita antítese..

Faith




segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Take a wish

Pensa num desejo. Espera, não me digas naquilo que pensaste.
Se se concretizar depois dizes.
Já se concretizou?! Sério?! 
Queres contar então?
Desejaste que eu te desse a mão? Foi esse o teu desejo?
Podias ter desejado tantas coisas..

O desejo era meu e escolhi em consciência.
A tua mão, aquece-me, protege-me, segura-me.
Na tua mão encontro abrigo,  a pele calejada pelos anos confere-me confiança.
É verdade que podia ter escolhido outras coisas, mas é a tua mão que mais desejo.

A minha mão já era tua..
Pensei que desejasses algo que ainda não possuísses, ou que ansiasses.
Ainda se tivesse uma pele macia (risos)..
Agora terei de te dar sempre a mão?
Sinto uma responsabilidade acrescida.
Mesmo tendo sido o desígnio de um desejo.

Pensas que te dou como garantido? Ou à tua mão?
Desejei aquilo que mais anseio. 
Quando me disseste que pedisse um desejo, era a tua mão que eu naquele momento mais queria. Assim do jeito que ela é.
Não carregues o peso dessa responsabilidade, não é tua. 

Aquilo que me estás a dizer é que não se devem desperdiçar desejos.
Estás a ensinar-me que podemos desejar aquilo que já possuímos.
De repente isso faz-me tanto sentido..
Como uma lareira que nos aquece e dá conforto nas noites frias de inverno, só resiste se lhe formos acrescentando mais lenha.

Estou a dar-pistas.
Quero que encontres nas coisas mais simples o alimento que te vai fortalecer para enfrentares aquelas mais complicadas.
Não menosprezes a tua mão. Tem muito mais poder do que possas imaginar.
Isto não tem nada de metafísico, é real.

A minha mão é tua...

A tua mão já era minha...


Sem despertador

Bom dia. 
Não me lembro da última vez em que acordei assim tão devagarinho.
O quarto continua às escuras, o meu iPad diz que são 11:37 horas. 
Recordo-me bem ao longe de ter recebido duas chamadas esta manhã (fui confirmar ao registo do telemóvel) . Uma de um colega de trabalho, não me lembro do que falámos, mas certamente grunhi algo e despachei-o. A outra da miúda cá de casa que me pareceu ter sido mordida por uma abelha. (A minha mãe diz que nestes casos se deve meter uma moeda por cima do local da picada. Não me recordo se lhe disse isso.)
Coloquei uma música enquanto acordo neste ritmo tão raro. Normalmente levanto-me à pressa. Está a saber-me tão bem esta ronha inocente, este acordar lentamente, esta tranquilidade que habita no meu quarto.
Sinto uma isenção de responsabilidade que me permite simplesmente descansar.
Enquanto escrevo, tenho de voltar muitas vezes atrás e corrigir aquilo que vou escrevendo. A minha coordenação motora ainda está a 60%. 
Tenho fome, apetece-me uns ovos mexidos. Será que se for a correr à cozinha cozinha-los e voltar, não corrompo este momento, este Estado de Graça?
Estou aqui nesta luta, vou ou fico. Eu acho que se for rápido ainda consigo voltar e recuperar esta letargia boa... ( vou arriscar, a fome é muita).
Eu sabia. Estou de volta ao quarto e à cama, pequeno almoço no tabuleiro, mas aquela ronha tão boa e despretensiosa foi embora.
Pelo menos tenho a minha sandes de hambúrguer,queijo Terra Nostra , Philadelphia e os meus ovos mexidos com queijo de cabra e uma banana para rematar.
São 12:21 horas, estou quase há uma hora para escrever um texto, que normalmente levaria uns 15 minutos para começar e finalizar.
12:31 horas. Estive dez minutos a olhar para o teclado e sem saber aquilo que escrever mais neste texto. Porra, foi-se o 
momento...(acho que as moedas que se usam para as ferroadas de abelha têm de ser daquelas pretas, de cêntimos).
Slowly


domingo, 11 de fevereiro de 2018

Bla bla bla

Se quando o dia acabar não souberes aquilo que te apetece fazer, senta-te um pouco, bebe um chá, ouve aquela tua música; sabes? Aquela que te faz sempre sentido quando a escutas. Não tenhas pressa, permite-te descansar enquanto descobres aquilo que realmente te apetece. A música está perfeita, não está? chega-me até mim o aroma do chá, é aquele da Gorreana? Sim, continua frio lá fora. 
Não me apetece sentar. Talvez beba uma chávena de chá e vá sair. Estou cansado, mas apetece-me sair. Sim, na verdade aquilo que não me apetece é ficar. Também não sei o que me apetece fazer, mas sei que não me apetece ficar. Está bastante quentinho aqui e demasiado frio lá fora, mas sinto-me mais confortável fora daqui. Claro que não gosto de frio! Ainda não sei onde vou, acho que vou só por aí. Eu agasalho-me. 
Obrigado, mas não me apetece falar sobre o meu dia, mas foi um dia normal. Aliás, nem me recordo bem de como foi o meu dia agora que perguntas...
Ainda não tenho fome, como qualquer coisa por aí. Na verdade ultimamente ando com pouco apetite. Claro que me alimento, mas por vezes tenho de fazer um esforço porque tenho tido pouca fome.
Não sei de novo da chave do carro. Já vi aí, não está. Deixa-te estar sentada, eu procuro. Olha, já encontrei. Estava no casaco que tinha ontem vestido.
Está tudo bem. A sério. Não te preocupes. Só não me apetece estar aqui. 
Estás enganada, eu não me fecho. Apenas não tenho nada para te dizer. Não tem a ver contigo. Desculpa, não estou a ser honesto. Tem tudo a ver contigo, mas também comigo.
O chá já arrefeceu, acho que prolongámos demasiado a conversa. Tens razão, estamos há imenso tempo a falar sobre nada. Não, não me causa desconforto, mas também nada me acrescenta.
Já descobriste o que te apetece fazer.. Boa, afinal o meu método resultou. Ficares em casa a ver um filme com o aquecedor aos teus pés parece-me óptimo. Não, está demasiado abafado aqui para mim, vou mesmo sair. Ainda não sei onde vou. 


Até amanhã...
I go out


sábado, 10 de fevereiro de 2018

De novo nos 20

Chegamos aos quarentas e dizem aqueles que sabem de coisas, que trazemos com eles a tão “afamada” crise de meia idade.
Compramos um Porche ou um Ferrari e arranjamos uma miúda 20 anos mais nova.
Não sei se me chegou até mim este flagelo, esta crise de meia idade. Não tendo dinheiro para comprar um Porche, ou um Ferrari e consequentemente arranjar uma miúda com metade da minha idade torna-se complicado se estiver a atravessar por este processo.
Como por vezes o Universo é nosso compincha, veio até mim um skate long board.
Tenho a sorte de morar ao lado do Rio Tejo e ter 8km de Calçadão à beira rio.
Desde que tenho o skate sempre que me é possível no final do dia faço estes 8km montado no meu “Porche” de phones nos ouvidos a deslizar e contemplar.
Tem sido terapêutico. É como recuar no Tempo, sentir o vento na cara e uma sensação de leveza indescritível.
Se estiver a atravessar a crise dos 40, então sou um sortudo, porque arranjei o antídoto perfeito para a combater.
No primeiro dia cometi dois erros. O de ter levado o cão preso pela trela e o meu filho. Enquanto o cão me puxava, o Kukas meteu-se à minha frente tal forcado a fazer uma pega a um touro. Eu gritava para ele se afastar e ele irredutível. Tive de me atirar para o chão para não o atropelar. O skate foi parar ao rio e não fosse ficar preso num canavial e neste momento jazia no fundo do rio. Resultado; bati com as costelas e agora não há Voltaren que me valha.
Estou fã do meu Skate e não o trocava por Ferrari ou Porche Carrera s4.
Go with the flow

Fade out...

Lembras-te quando éramos tudo e não existia o nada? 
De nos fundirmos com a Lua Cheia como nossa madrinha?
Recordas-te de quando ouvíamos a mesma música, tu numa dimensão, eu noutra e ambos na mesma?
De chorarmos porque o Amor assim o exigia?
Das portas, das janelas, das ruas, do pouco que tínhamos e do quanto nos preenchia?
De nos levarmos ao limite, de nos massacrarmos, ferir-mo-nos e de transformarmos  a dor em exílio e sermos Felizes só por nos termos?
De me pedires para não ter medo, para confiar, percorrer o arame a mil metros de altura, sem rede que me amparasse a queda?
De me colares com a tua saliva, criando-me fundações mais fortes do que betão armado?
Da paixão avassaladora e descontrolada que nos carregava e nos segurava deixando-nos repousar para apenas a desfrutar?
E, dos abraços? Lembras-te dos nossos abraços? Do quanto nos alimentavam?
Lembras-te que éramos tudo e não existia o nada?
Recordaste-te que não tínhamos bússola, que nos perdíamos e que nos voltavámos sempre a encontrar?
Das promessas que nunca quebrámos? das promessas que nunca ousámos fazer? 
Dos lugares que os teus olhos partilharam com os meus? 
Da chuva que nos aconchegava, em noites frias?
De me entregares os teus fantasmas para que eu os guardasse numa caixa estanque e impenetrável?
Tal qual duas Cegonhas construirmos o nosso ninho, sem pressa, sem esforço?
Lembras-te quando éramos tudo e agora não somos nada?
 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

A vida a 80

Hoje vi escrita numa lápide de uma campa a seguinte frase: “ A vida são grãos de areia que a morte sopra para longe”.
Fiquei a pensar no sentido daquilo. Parece- me tão redutor e tão limitado que a vida seja algo assim tão frágil e a morte tão portentosa.
Aquilo que vivemos tem de ser algo bem mais sólido do que pequenos grãos de areia. Há tanta potencialidade na vida. Somos maiores do que aquilo que parecemos.
Existe energia na vida, ao contrário da morte que é estática e permanente.
Temos mais medo da morte do que da vida e ainda assim temos tanto medo daquilo que a vida tem para nos oferecer. Na verdade andamos apavorados com as nossas vidas e fingimos que é a morte que mais nos assusta.
Nenhum de nós quer morrer. Quantos de nós queremos realmente viver?
Respirar é algo de inato. Sobreviver não requer grande esforço. Viver no limite da intensidade, essa é a nossa grande lacuna. A maior das nossas dificuldades. Acomodamo-nos, acobardamo-nos e escolhemos ser meros grãos de areia.
A vida , as nossas vidas podem deixar marcas maiores do que a morte.
Se eu pudesse alterava a frase naquela lápide e escreveria:
“ A vida são abraços, sorrisos, conquistas, angústias, amores , tristezas, certezas, incertezas, acertos e desacertos que a morte não consome”
Wild os the wind