domingo, 11 de fevereiro de 2018

Bla bla bla

Se quando o dia acabar não souberes aquilo que te apetece fazer, senta-te um pouco, bebe um chá, ouve aquela tua música; sabes? Aquela que te faz sempre sentido quando a escutas. Não tenhas pressa, permite-te descansar enquanto descobres aquilo que realmente te apetece. A música está perfeita, não está? chega-me até mim o aroma do chá, é aquele da Gorreana? Sim, continua frio lá fora. 
Não me apetece sentar. Talvez beba uma chávena de chá e vá sair. Estou cansado, mas apetece-me sair. Sim, na verdade aquilo que não me apetece é ficar. Também não sei o que me apetece fazer, mas sei que não me apetece ficar. Está bastante quentinho aqui e demasiado frio lá fora, mas sinto-me mais confortável fora daqui. Claro que não gosto de frio! Ainda não sei onde vou, acho que vou só por aí. Eu agasalho-me. 
Obrigado, mas não me apetece falar sobre o meu dia, mas foi um dia normal. Aliás, nem me recordo bem de como foi o meu dia agora que perguntas...
Ainda não tenho fome, como qualquer coisa por aí. Na verdade ultimamente ando com pouco apetite. Claro que me alimento, mas por vezes tenho de fazer um esforço porque tenho tido pouca fome.
Não sei de novo da chave do carro. Já vi aí, não está. Deixa-te estar sentada, eu procuro. Olha, já encontrei. Estava no casaco que tinha ontem vestido.
Está tudo bem. A sério. Não te preocupes. Só não me apetece estar aqui. 
Estás enganada, eu não me fecho. Apenas não tenho nada para te dizer. Não tem a ver contigo. Desculpa, não estou a ser honesto. Tem tudo a ver contigo, mas também comigo.
O chá já arrefeceu, acho que prolongámos demasiado a conversa. Tens razão, estamos há imenso tempo a falar sobre nada. Não, não me causa desconforto, mas também nada me acrescenta.
Já descobriste o que te apetece fazer.. Boa, afinal o meu método resultou. Ficares em casa a ver um filme com o aquecedor aos teus pés parece-me óptimo. Não, está demasiado abafado aqui para mim, vou mesmo sair. Ainda não sei onde vou. 


Até amanhã...
I go out


8 comentários:

  1. A tua escrita é camaleónica. É impressionante (pelo menos para mim) a dinâmica do teu blog. Cada texto que escreves é sempre uma caixinha de surpresas. Adoro a inconformidade da tua escrita. Depois, não menos importante é a qualidade dos teus textos. Outra coisa que acho bastante interessante é todos eles serem acompanhados de banda sonora e sempre tão bem escolhida. Confesso que algumas das músicas não conhecia, mas desde que te leio que a minha playlist aumentou exponencialmente :)
    Beijinhos e mais um excelente texo que aqui deixaste.

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  2. Adoro o pormenor de transformares um diálogo, num monólogo dando consistência ao texto e àquilo que ele pretende transmitir. Diria que seria a #parte2 do "Fade Out". Há um claro domínio da escrita neste teu texto. Nada escrito ao acaso. Um pouco parecido com as várias técnicas que se usam em cozinha e que só os grandes Cheff´s dominam. A forma como usas os "ingredientes" e depois os trabalhas está perfeita.
    Parece ser tão simples, mas este texto é de uma complexidade enorme. Tens Consciência disso Paper Cut? Claro que tens. És Escritor. Deixa de ser modesto e permite-te ficar orgulhoso pelo excelente Blog que criaste.
    (curiosidade minha, adorava saber aquilo que fazes. Tenho quase a certeza que és um Profissional da área criativa). Digo isto porque é a minha Área e provavelmente até somos colegas ou concorrentes :)
    Mais uma vez os meus Parabéns e deixa-me dizer-te que este texto é dos mais bonitos que já aqui escreveste. Tão real e com uma técnica de escrita brutal.
    Beijinhos

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  3. Obrigado pelos vossos comentários que me enchem tanto. Continuo a pensar (não estou a ser falso modesto) que não escrevo assim tão bem. Fui da Área de letras na Escola e isso obviamente que me deu algumas ferramentas. Sempre gostei muito de ler também e é com os Mestres que se aprende :)
    A intenção deste meu Blog nunca foi ser preciosista nem perfeccionista. Uso-o de uma forma egoísta, para "despejar" emoções; umas boas outras menos boas.
    Fico feliz obviamente pelos comentários positivos, mas tenho a perfeita noção das minhas limitações em termos Literários.
    (Não sou da área criativa anónima :) )
    Obrigado mais uma vez.

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  4. Permite-te sentir o frio na cara e estar contigo próprio. Às vezes é o que precisamos para encontrar o nosso equilíbrio.
    Inspira o ar fresco e recarrega energias. Deixa os pensamentos irem embora com o vento. E espero que consigas ficar mais leve.

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  5. (vou tentar dizer algo a ver se sai como deve ser...)
    Há coisas que têm de ser ditas mesmo que não apeteça porque, das duas uma, ou ficarão para sempre a queimar-nos no peito, ou sairão de enxurrada, cheias de ferro mas tarde demais.
    Faço isso vezes demais para saber que não resulta...

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    1. E quando não existe mais nada a dizer? As palavras são demasiado precisosas para serem desperdiçadas no vazio...

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    2. Tens a certeza, tens mesmo a certeza que não há mais nada a dizer?
      Mesmo que seja contra o vazio, mesmo que seja um desperdício não se deve deixar nada por fazer. Sem "e ses".

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    3. Concordo contigo. Temos também de ter a perspicácia para perceber quando as palavras devem ficar guardadas numa gaveta, fechá-la e atirar a chave ao mar..

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