sábado, 29 de julho de 2017

A dieta do Kukas.

Fui com o Kukas experimentar o skate que recebeu no seu aniversário.
Depois de umas horas no parque, perguntei-lhe se queria ir almoçar ao Mac Donald's. Disse que sim.
Quando chegámos disse que queria ser ele a escolher porque está de dieta.
Então não queres hambúrguer?
Quero.
Não estás de dieta?
Estou.
Para acompanhar, queres umas cenourinhas?
Não, quero batas fritas.
Água?
Não, quero Coca Cola...

Aos seis anos temos uma estranha concepção de dieta.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Massa diluída

A filha da puta da balança está a dizer-me que perdi oito quilos em um mês e meio.  Odeio-a com todas as minhas forças. Preciso desses oito quilos e ela teima em não mos devolver.
Tomo uns comprimidos que o médico diz que engordam, tomo um complexo vitamínico que é suposto dar-me mais apetite. Como se diluem oito quilos desta forma?
A mente controla e domina o corpo, dizem-me com complacência, como para atenuar este pedaço de mim que a balança teima em me alertar que desapareceu.
Irrita-me que para além dela, quase todos à minha volta façam questão de verbalizar este meu definhar corpóreo.
Foda-se, sei que estou muito magro, não mo precisam de constantemente espelhar nas fuças( raramente tenho oportunidade de usar esta palavra).
Se quiserem a "receita" para perder oito quilos em mês e meio,  mando-vos logo foder(sem filtro e sem contemplações).

quarta-feira, 26 de julho de 2017

A simplicidade da cadência monocórdica.

look at the trailer...

Fui ver o mais recente filme de Jim Jarmusch, Paterson é o nome que o realizador lhe deu.
Quem conhece a obra de Jarmusch, sabe que é um realizador sem pressa. A cadência das cenas é calculada ao milésimo de segundo e só assim faz sentido.
Assim que nos sentamos na cadeira, embarcamos numa viagem tranquila, livre de percalços e quase terapêutica.
Jarmusch sabe como ninguém usar a fotografia nos seus filmes, chegando mesmo a ser sublime sem tentar qualquer tipo de pretenciosismo
A banda sonora é também uma das suas imagens de marca, minimalista, coerente com a velocidade dos frames e de tão simplista, trasforma-se num apêndice ritmado e precioso.
As personagens são uma delícia . Uma espécie de tarte de carne quentinha numa noite fria de inverno.
O filme é poético na sua génese e a poesia presente do início até ao final é crua, mundana, despretensiosa e coerente com a visão que o Realizador teve para este filme.
Para aqueles que acham o filme "lento" e vazio de conteúdo, com personagens enfadonhas e desprovidas de ritmo, convido-os a verem a sequela do Die Hard e a serem muito felizes.

Nota: O resumo curto e pouco explícito é completamente propositado.

terça-feira, 25 de julho de 2017

A casa da Saudade

Não existe maior zona de afectos, do que a da chegada de passageiros de um Aeroporto.
Pessoas que esperam por pessoas. Ali vi dos mais longos abraços, apertados, sinceros.
Na azáfama de quem chega e de quem espera, uns mais ansiosos do que outros, uns maravilhados pela aventura que vai começar, outros porque lhes pagam para esperar, existem os que esperam como se essa espera fosse quase eterna.
Gosto de pessoas, especialmente daquelas que esperam.
Ali a Saudade está mais vincada e entranhada do que em qualquer outro lugar.
Gosto dos que sentem saudade, daquela saudade que já feriu e que finalmente explode num vulcão de afectos.
Gosto de afectos, dos reais, daqueles espontâneos.
Ali é onde eu sinto maior respeito e carinho por pessoas. Gosto das pessoas que me conduzem a lugares confortáveis, que me roubam sorrisos sem que nunca o venham a saber.
Os abraços vêm sem etiqueta

segunda-feira, 24 de julho de 2017

#aminhacasaeumzoo

Há cerca de dois meses a miúda foi ao Canil Municipal e enviou-me uma foto de um cachorro, perguntando-me se eu queria que o adoptassemos. Apesar dos três gatos que já temos, a minha resposta foi imediata. Trá-lo, disse eu.
A minha casa já parecia um Zoo, que diferença poderia fazer adoptar mais um..
Esta coisinha fofa, de olhar meigo e carente veio trazer uma nova dinâmica lá em casa. Não estávamos habituados a pisar cocó de cão nos tapetes, nem xixi no chão da cozinha (culpa minha de andar descalço e não acender a luz), as minhas havaianas e as do meu filho compradas à cerca de uma semana estavam claramente a necessitar de reforma e o pudim tratou disso. Nunca tínhamos tido uma inundação na cozinha, ele ajudou roendo a mangueira da água da máquina de lavar loiça, obrigando-nos a uma limpeza profunda.
Quando o fomos buscar, comprámos uma cama super fofa que aparentemente ele não gostou e retraçou completamente. Culpa nossa de não lhe termos pedido opinião.
É um cão super especial, adora ir à rua durante uma ou duas horas, mas como é bem educado só faz as necessidades quando chega a casa. Entretanto passados estes dois meses já não se porta tão bem, já faz quase sempre xixi e cocó na rua.
Os gatos ficaram radiantes com a vinda dele, finalmente agora tinham alguém que andava constantemente a correr atrás deles para lhes roer a cauda e lhes comia a comida. Eles não gostam que a ração esteja nos seus pratos demasiado tempo.
Apesar de tudo de bom que tenho relatado neste texto, existe em mim uma certa tristeza com a vinda dele; já não imagino a minha casa e a minha vida sem a sua presença. Arrebatou-me de tal forma que o trago comigo para o emprego e o levo quando vou ao Colégio buscar o Kukas, desestabilizando completamente os coleguinhas dele que vêm em magotes rebolar-se anarquicamente no chão com o pudim. Nos dias em que não o levo os miúdos pedem-me sempre para o levar no dia seguinte.
Passei a mudar de hashtag quando colocava fotos dos meus gatos no meu instagram. Passou de #aminhacasapareceumzoo , para #aminhacasaeumzoo.


Bolonhesa com rabo de gato escondido


Ontem à noite decidi mimar-me. Fiz a minha Bolonhesa que além de ser fantástica (porque o é) , afasta maus olhados, espíritos malignos e fantasmas inconvenientes. É também um analgésico para corações destroçados, um complemento para corações apaixonados, cicatriza feridas abertas na alma e é rica em calorias emocionais benignas.
Não dou a receita, porque há segredos que não se partilham.

Nota: Cozinho sempre com banda sonora

domingo, 23 de julho de 2017

Ricardo és livre de grelhar peixe espada preto na minha casa.

Sobre sonhos... esta noite Sonhei que o Ricardo Araújo Pereira se tinha mudado para o meu T1 que comprei há cerca de 16 anos e onde já não vivo há uns 6. Para adensar ainda mais o sonho, ele levou consigo um filho gordinho, de caracóis louros. O Ricardo pediu-me guarida para pode grelhar peixe espada preto, algo que por uma razão que desconheço não podia fazer na sua casa. No sonho pedia ao seu filho que fosse ao supermercado comprar nêsperas Marroquinas. Pediu-me também que lhe emprestasse o meu portátil, porque se tinha esquecido do seu. De repente o Ricardo desapareceu, levou com ele o meu portátil e deixou-me como "caução" o puto de cabelos encaracolados. Entretanto dou comigo numa casa repleta de pessoas onde decorria uma festa temática, cujo tema era cada pessoa mascarar-se de outra que estava presente. Por serem em número ímpar e possivelmente por ter sido o último a chegar, tive de me mascarar de mim mesmo e estranhamente não me reconheci.