quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Cão ou cama, eis a questão..

O meu cão (pudim) fez-me hoje viajar no tempo. Regressei por momentos aos meus primeiros dias como pai.
Após o jantar deitei-me no sofá e adormeci enquanto via o telejornal. Acordei agora, pronto para me trasladar para a minha cama.  Só tinha de lavar os dentes e continuar o meu sono pesado e reconfortante.
Porém ele precisa de vir à rua. Está uma noite de Verão fantástica,  o frio e o vento que estou a sentir devem de ser uma anomalia da minha cabeça.
Hoje voltei ao Tempo em que estava a dormir profundamente,  mas o Kukas acordava a chorar porque ou tinha fome, cocó,  cólicas ou era apenas um demoniozinho que teimava em não me dar uma noite de sono perfeita.
Como eu queria estar na minha cama agora.. Mas tenho de esperar, com  os olhos cheios de ramelas, cabelo desgrenhado, ar de zombie(daqueles mesmo beras), de saco na mão que o pudim lhe apeteca fazer o seu cocó.
Agora entendo-te Coiso,  quando dizes que foi o teu cão que te ensinou a ser pai.
A mim foi o meu filho que me ensinou a ter tolerância para ser dono de um cão.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Play my flesh


[Bbm   Ab   F#   Ab   Bbm   Bbm7/F]

Arranhas-me as costas
Como se arranham as cordas de uma guitarra
Feres-me a pele
Nesta escala sem reverb
[Ebm Bbm]


O meu corpo é a tua pauta
Compões uma música que não me deixas escutar
Os teus dedos dedilham uma melodia limpa
A intensidade aumenta

 [Ebm    F#    Bbm]

Sou o teu pedal de efeitos
Escolhes um flanger que ecoa neste espaço insonorizado
Tocas-me na boca como se equilibrasses os agudos
A cadência do tom sobe

 [Ebm- F# - Ab - Bbm]

No meu pescoço improvisas novos acordes
nas minhas veias de nylon inventas um riff translúcido e crú
usas agora um delay que me desacelera o pulso
Finalmente usas o joker, distorção no máximo e neste momento sou o expoente ritmado da mais bela composição ..
 Bbm7/F: 113121

rasgos na pele

 

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Seis anos de descobertas

O meu Filho fez seis anos na semana passada. Tem crescido tão bem. É um miúdo bastante especial.
Super intuitivo e perspicaz, com uma sensibilidade enorme. Adora animais. É apaixonado por Castelos. Gosta imenso de histórias, mas as que gosta ainda não foram escritas; dá-me tópicos e obriga-me a construir uma história à volta deles.
Neste post vou colocar algumas fotos(tenho milhares) desta caminhada que temos feito juntos.












A música favorita do Kukas


A Star for my Angel

Ontem o Kukas do nada, enquanto olhava para o Céu,  perguntou-me o seguinte:
Papá, existe algum homem que venda Estrelas?
Não soube o que lhe responder, mas fiquei a pensar nisso. Gostava tanto de lhe poder oferecer uma estrela.

Uma estrela para o Kukas


domingo, 30 de julho de 2017

Instalações Agrárias

Gosto de arte.
Gosto de arte moderna em especial.
Podemos encontrá-la nos sítios mais improváveis. Existem artistas que desconhecem que o são. No pragmatismo de quem apenas pretende proteger as suas alfaces dos pássaros e roedores e sem qualquer tipo de pretenciosimo , nasce arte como se de concepção divina se tratasse.




Song for the Lettuce


sábado, 29 de julho de 2017

Minimal repetitivo


 
   Sinto a cabeça a explodir. Literalmente. Já tomei dois comprimidos e a dor e o desconforto não se vão. Dormi mal, acordei demasiado cedo, tive um pesadelo que me fez saltar da cama e de tão intenso, ainda teima em não se dissipar.
Estou com a sensação de que a minha mente não consegue assimilar tudo aquilo que fabrica. Como se milhares de operários martelassem em milhares de bigornas, num ritmo desafinado e descordenado.
Preciso de uma bússola que me oriente e me guie para um local, tranquilo, limpo, onde sinta apenas uma ligeira brisa na face e uma cama de relva fresca.
Preciso do cheiro a alfazema, de caminhar descalço e sentir conforto.
Preciso de conseguir parar, poder ser surdo por momentos, poder gritar sem ouvir a minha voz.
Preciso da letargia inconsciente que não urge qualquer dinâmica.

Quero somente que o mau estar me dê folga e me permita ser funcional

a minha luta

A dieta do Kukas.

Fui com o Kukas experimentar o skate que recebeu no seu aniversário.
Depois de umas horas no parque, perguntei-lhe se queria ir almoçar ao Mac Donald's. Disse que sim.
Quando chegámos disse que queria ser ele a escolher porque está de dieta.
Então não queres hambúrguer?
Quero.
Não estás de dieta?
Estou.
Para acompanhar, queres umas cenourinhas?
Não, quero batas fritas.
Água?
Não, quero Coca Cola...

Aos seis anos temos uma estranha concepção de dieta.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Massa diluída

A filha da puta da balança está a dizer-me que perdi oito quilos em um mês e meio.  Odeio-a com todas as minhas forças. Preciso desses oito quilos e ela teima em não mos devolver.
Tomo uns comprimidos que o médico diz que engordam, tomo um complexo vitamínico que é suposto dar-me mais apetite. Como se diluem oito quilos desta forma?
A mente controla e domina o corpo, dizem-me com complacência, como para atenuar este pedaço de mim que a balança teima em me alertar que desapareceu.
Irrita-me que para além dela, quase todos à minha volta façam questão de verbalizar este meu definhar corpóreo.
Foda-se, sei que estou muito magro, não mo precisam de constantemente espelhar nas fuças( raramente tenho oportunidade de usar esta palavra).
Se quiserem a "receita" para perder oito quilos em mês e meio,  mando-vos logo foder(sem filtro e sem contemplações).

quarta-feira, 26 de julho de 2017

A simplicidade da cadência monocórdica.

look at the trailer...

Fui ver o mais recente filme de Jim Jarmusch, Paterson é o nome que o realizador lhe deu.
Quem conhece a obra de Jarmusch, sabe que é um realizador sem pressa. A cadência das cenas é calculada ao milésimo de segundo e só assim faz sentido.
Assim que nos sentamos na cadeira, embarcamos numa viagem tranquila, livre de percalços e quase terapêutica.
Jarmusch sabe como ninguém usar a fotografia nos seus filmes, chegando mesmo a ser sublime sem tentar qualquer tipo de pretenciosismo
A banda sonora é também uma das suas imagens de marca, minimalista, coerente com a velocidade dos frames e de tão simplista, trasforma-se num apêndice ritmado e precioso.
As personagens são uma delícia . Uma espécie de tarte de carne quentinha numa noite fria de inverno.
O filme é poético na sua génese e a poesia presente do início até ao final é crua, mundana, despretensiosa e coerente com a visão que o Realizador teve para este filme.
Para aqueles que acham o filme "lento" e vazio de conteúdo, com personagens enfadonhas e desprovidas de ritmo, convido-os a verem a sequela do Die Hard e a serem muito felizes.

Nota: O resumo curto e pouco explícito é completamente propositado.

terça-feira, 25 de julho de 2017

A casa da Saudade

Não existe maior zona de afectos, do que a da chegada de passageiros de um Aeroporto.
Pessoas que esperam por pessoas. Ali vi dos mais longos abraços, apertados, sinceros.
Na azáfama de quem chega e de quem espera, uns mais ansiosos do que outros, uns maravilhados pela aventura que vai começar, outros porque lhes pagam para esperar, existem os que esperam como se essa espera fosse quase eterna.
Gosto de pessoas, especialmente daquelas que esperam.
Ali a Saudade está mais vincada e entranhada do que em qualquer outro lugar.
Gosto dos que sentem saudade, daquela saudade que já feriu e que finalmente explode num vulcão de afectos.
Gosto de afectos, dos reais, daqueles espontâneos.
Ali é onde eu sinto maior respeito e carinho por pessoas. Gosto das pessoas que me conduzem a lugares confortáveis, que me roubam sorrisos sem que nunca o venham a saber.
Os abraços vêm sem etiqueta