terça-feira, 15 de agosto de 2017

Anti-Metamorfose





Tons de cinzento em dias de Verão
Passos curtos, longa estrada

Sorrisos mal amanhados

Clareiras de fuligem opaca 

A lenta cadência das sílabas

Árvores que se dobram com uma ligeira brisa

Viúvas sem expessão
Sede insaciável
Olhares que se cruzam à beira rio
Insatisfação dormente
Ausência de dinâmica
Principio de algo já terminado
Folhas de papel amassadas
Caixas e caixas vazias
Bússola avariada, Norte desconhecido
Mapas em branco
Sorrisos inexpressivos
No mar, ondas sem espuma
No Céu Estrelas sem Luz
Vinde ao meu Reino sem muralhas
Parte sem te despedires

sábado, 12 de agosto de 2017

Falha técnica ou Voodoo.

Na semana passada comprei um telemóvel. Era aquele que eu queria. Misteriosamente o aparelho funciona perfeitamente em todo o lado.. Excepto no escritório da empresa onde trabalho. Não tem rede.
Fui à operadora e pedi uma segunda via do cartão Sim, seguindo a sugestão de um técnico. Nada de rede na mesma. Formatei o telemóvel conforme também me foi sugerido..rede zero no escritório.
Falei ontem ao telefone com um técnico(ou sapateiro, não estou certo) que me disse para ir à Loja no Centro Comercial Colombo onde estaria até às 21:00 horas. Tinha uma coisa combinada para as 20.00 horas e o Kukas para ir buscar ao colégio às 18.00 horas. Tinha 2 horas para fazer cerca de 60Km(ida e volta), reparar o telemóvel e estar em casa às 20.
Kukas no carro, A1 e lá fui para  Lisboa. Esqueci-me que o Sporting jogava ontem, segunda circular entupida. Fugi para o IC17, acidente. Consegui chegar ao Colombo, o Kukas queria ir ver uma loja que não fazia idéia qual era e jantar no Mc Donalds. Lá consegui gerir a vontade do Kukas e a minha necessidade em ir à loja e convenci-o em irmos primeiro tratar do telemóvel.
Na loja, levaram o aparelho a uma sala onde supostamente estaria o técnico(ou sapateiro) e passados 2 minutos trazem-mo e dizem-me que o técnico disse que nada poderia fazer porque o telemóvel ali tinha rede. Tentei explicar que o problema só existia quando eu estava no escritório, que nos outros locais não tinha problemas de rede. Encolheram os ombros e vim embora.
Entretanto tive de ir com o kukas procurar a tal loja que ele não sabia o nome nem onde ficava, a única referência que me deu é que vendiam um boneco que se transformava em disco. Percorremos todo o piso zero do Colombo e de repente ele olha para o Continente e diz-me que é aquela loja, na zona dos brinquedos. Vistoriámos toda a área dos brinquedos e o tal boneco não existia. Felizmente ele estava com fome e lá o convenci a ir ao Mc Donalds. Decidimos comprar para levar e comeríamos no carro enquanto faríamos a viagem de regresso. Chegados ao parque de estacionamento, fui pagar, fomos para o carro sentei-o na cadeirinha e dei-lhe a comida para ir comendo na viagem. Sentei-me ao volante e quando fui à procura do cartão de estacionamento, não o tinha. Lembrei-me que com a pressa o deixei na máquina quando fiz o pagamento. Cinco minutos para convencer o meu filho a sair do carro para irmos ao apoio ao cliente e lá fui à procura do gabinete. Mais 10 minutos às voltas no parque. Foi um segurança connosco à máquina, abriu-a e lá estava o cartão. Com todas as voltas que demos no parque à procura do apoio ao cliente, o carro tinha "desaparecido".. Não fazia idéia onde o tinha deixado. Mais 10 minutos e o Kukas encontrou-o (momento de orgulho do pai). Sai do parque, entrei na segunda circular e o Kukas queria maionese nas batatas. Disse-lhe que estava a conduzir e que não conseguia abrir a saqueta e colocar a maionese nas batatas. Disse-me que se não conseguia fazer isso a conduzir então que parasse o carro. Ainda lhe tentei explicar que não podia parar ali, para ele comer as batatas sem maionese. Como ele tem 6 anos e não entende as regras de trânsito, a minha justificação não lhe serviu. Disse-lhe que pararia nas próximas bombas de gasolina e lhe punha a maionese. Concordou.
Consegui chegar a casa às 20.15 minutos, o Kukas disse-me que o Papá era o Sonic( não sei se o tome como elogio).
Entretanto estou a escrever este texto, no meu escritório com o meu telemóvel antigo...

Ontem senti-me como o Clint Eastwood

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Cão ou cama, eis a questão..

O meu cão (pudim) fez-me hoje viajar no tempo. Regressei por momentos aos meus primeiros dias como pai.
Após o jantar deitei-me no sofá e adormeci enquanto via o telejornal. Acordei agora, pronto para me trasladar para a minha cama.  Só tinha de lavar os dentes e continuar o meu sono pesado e reconfortante.
Porém ele precisa de vir à rua. Está uma noite de Verão fantástica,  o frio e o vento que estou a sentir devem de ser uma anomalia da minha cabeça.
Hoje voltei ao Tempo em que estava a dormir profundamente,  mas o Kukas acordava a chorar porque ou tinha fome, cocó,  cólicas ou era apenas um demoniozinho que teimava em não me dar uma noite de sono perfeita.
Como eu queria estar na minha cama agora.. Mas tenho de esperar, com  os olhos cheios de ramelas, cabelo desgrenhado, ar de zombie(daqueles mesmo beras), de saco na mão que o pudim lhe apeteca fazer o seu cocó.
Agora entendo-te Coiso,  quando dizes que foi o teu cão que te ensinou a ser pai.
A mim foi o meu filho que me ensinou a ter tolerância para ser dono de um cão.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Play my flesh


[Bbm   Ab   F#   Ab   Bbm   Bbm7/F]

Arranhas-me as costas
Como se arranham as cordas de uma guitarra
Feres-me a pele
Nesta escala sem reverb
[Ebm Bbm]


O meu corpo é a tua pauta
Compões uma música que não me deixas escutar
Os teus dedos dedilham uma melodia limpa
A intensidade aumenta

 [Ebm    F#    Bbm]

Sou o teu pedal de efeitos
Escolhes um flanger que ecoa neste espaço insonorizado
Tocas-me na boca como se equilibrasses os agudos
A cadência do tom sobe

 [Ebm- F# - Ab - Bbm]

No meu pescoço improvisas novos acordes
nas minhas veias de nylon inventas um riff translúcido e crú
usas agora um delay que me desacelera o pulso
Finalmente usas o joker, distorção no máximo e neste momento sou o expoente ritmado da mais bela composição ..
 Bbm7/F: 113121

rasgos na pele

 

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Seis anos de descobertas

O meu Filho fez seis anos na semana passada. Tem crescido tão bem. É um miúdo bastante especial.
Super intuitivo e perspicaz, com uma sensibilidade enorme. Adora animais. É apaixonado por Castelos. Gosta imenso de histórias, mas as que gosta ainda não foram escritas; dá-me tópicos e obriga-me a construir uma história à volta deles.
Neste post vou colocar algumas fotos(tenho milhares) desta caminhada que temos feito juntos.












A música favorita do Kukas


A Star for my Angel

Ontem o Kukas do nada, enquanto olhava para o Céu,  perguntou-me o seguinte:
Papá, existe algum homem que venda Estrelas?
Não soube o que lhe responder, mas fiquei a pensar nisso. Gostava tanto de lhe poder oferecer uma estrela.

Uma estrela para o Kukas


domingo, 30 de julho de 2017

Instalações Agrárias

Gosto de arte.
Gosto de arte moderna em especial.
Podemos encontrá-la nos sítios mais improváveis. Existem artistas que desconhecem que o são. No pragmatismo de quem apenas pretende proteger as suas alfaces dos pássaros e roedores e sem qualquer tipo de pretenciosimo , nasce arte como se de concepção divina se tratasse.




Song for the Lettuce


sábado, 29 de julho de 2017

Minimal repetitivo


 
   Sinto a cabeça a explodir. Literalmente. Já tomei dois comprimidos e a dor e o desconforto não se vão. Dormi mal, acordei demasiado cedo, tive um pesadelo que me fez saltar da cama e de tão intenso, ainda teima em não se dissipar.
Estou com a sensação de que a minha mente não consegue assimilar tudo aquilo que fabrica. Como se milhares de operários martelassem em milhares de bigornas, num ritmo desafinado e descordenado.
Preciso de uma bússola que me oriente e me guie para um local, tranquilo, limpo, onde sinta apenas uma ligeira brisa na face e uma cama de relva fresca.
Preciso do cheiro a alfazema, de caminhar descalço e sentir conforto.
Preciso de conseguir parar, poder ser surdo por momentos, poder gritar sem ouvir a minha voz.
Preciso da letargia inconsciente que não urge qualquer dinâmica.

Quero somente que o mau estar me dê folga e me permita ser funcional

a minha luta

A dieta do Kukas.

Fui com o Kukas experimentar o skate que recebeu no seu aniversário.
Depois de umas horas no parque, perguntei-lhe se queria ir almoçar ao Mac Donald's. Disse que sim.
Quando chegámos disse que queria ser ele a escolher porque está de dieta.
Então não queres hambúrguer?
Quero.
Não estás de dieta?
Estou.
Para acompanhar, queres umas cenourinhas?
Não, quero batas fritas.
Água?
Não, quero Coca Cola...

Aos seis anos temos uma estranha concepção de dieta.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Massa diluída

A filha da puta da balança está a dizer-me que perdi oito quilos em um mês e meio.  Odeio-a com todas as minhas forças. Preciso desses oito quilos e ela teima em não mos devolver.
Tomo uns comprimidos que o médico diz que engordam, tomo um complexo vitamínico que é suposto dar-me mais apetite. Como se diluem oito quilos desta forma?
A mente controla e domina o corpo, dizem-me com complacência, como para atenuar este pedaço de mim que a balança teima em me alertar que desapareceu.
Irrita-me que para além dela, quase todos à minha volta façam questão de verbalizar este meu definhar corpóreo.
Foda-se, sei que estou muito magro, não mo precisam de constantemente espelhar nas fuças( raramente tenho oportunidade de usar esta palavra).
Se quiserem a "receita" para perder oito quilos em mês e meio,  mando-vos logo foder(sem filtro e sem contemplações).