sábado, 29 de outubro de 2016

Boys will be boys...


Vou falar de algo que me faz alguma confusão. Pai Solteiro. Afinal qual é a diferença entre um pai que vive com a mãe do seu filho e um que viva sozinho?

A responsabilidade, a atenção, a cumplicidade, a interação e a disponibilidade que sinto hoje em relação ao Kukas, são exactamente as mesmas que sentia quando vivia com a mãe dele.

O dia de ontem pode servir como exemplo prático daquilo que estou a falar:
Saí do emprego às 18 horas, fui buscar o Kukas ao Colégio. No carro negociámos como iria ser a nossa noite. Admito que ele é um negociador bastante difícil.  Ficou acordado que chegaríamos a casa e a primeira coisa seria o Kukas tomar banho, ele ainda tentou que primeiro via dois desenhos animados e tomaria banho depois, obviamente o Papá venceu a disputa.

Chegados a casa, fomos directos à casa de banho, cocó seguido de banheira. De seguida foi a escolha do pijama, tarefa também sempre muito discutida. Pijama vestido, fomos para a cozinha, enquanto eu fazia o jantar, ele brincava com os seus bonecos na mesa ao meu lado. Jantar ao lume, tratar das gatas e apanhar a roupa que estava estendida enquanto ele via o Titio Avô na TV.  Tínhamos cerca de 45 minutos antes de jantarmos, fomos então buscar as tropas e planear um ataque nas montanhas dos Açores.

Hora de jantar, depois de o ter chamado cerca de 22 vezes para a mesa, lá apareceu e sentou-se. Assim que se sentou pediu para ir à casa de banho fazer xixi (faz sempre isto) . Hoje o Kukas decidiu que não gostava de arroz. Eu decidi que quem não gostava de arroz, não gostava também de jogar no Tablet nem brincar com bonecos. O arroz lá desapareceu do prato.

Lavar as mãos e os dentes gera sempre alguma discórdia: - Já lavei os dentes ontem papá. Eu respondo: - Já te comprei um presente no Natal passado, então este ano não preciso comprar. A rapidez com que ele foi lavar os dentes foi supersónica.

Hora de ir para a sala relaxar, enquanto o Papá sorri com o resultado do Benfica e depois com o do Sporting, ele usa a minha barriga como base de comando das tropas. Finalmente o sono vence e ele adormece no sofá .

Entretanto a miúda que esteve a trabalhar até às tantas adormece tb ao meu lado. Tenho o meu Príncipe e a minha Princesa exaustos a dormirem, uma das gatas deitadas na minha barriga e a outra aos pés do Kukas.

Reina uma Paz tão acolhedora nesta sala, que me sinto previligiado por ter isto só para mim.
Hora de os deitar, levo o Kukas para a cama dele, enquanto a miúda se arrasta para a nossa cama. Deito-me, abraço-a e ela cede novamente ao cansaço adormecendo nos meus braços. Final perfeito para um dia vivido a correr.

Quatro da manhã, acordo com o choro do Kukas, vou ao quarto dele e ele chora porque diz ter muitas dores nas pernas. É recorrente, a pediatra chama-lhe "dores de crescimento" . Vou buscar o Ben-u-ron e o Voltaren gel. Dou-lhe o xarope e massajo-lhe as pernas com o gel enquanto ele chora e me pede para não parar de o massajar. Fico ali durante meia hora até que finalmente ele adormece e volto para a minha cama.

Oito da manhã, tenho o Kukas deitado ao meu lado a dizer que quer levantar-se e quer beber um leitinho na sala a ver Televisão.

Nada daquilo que relatei aqui é novo para mim, desde o dia em que ele nasceu, esta tem sido a minha realidade; será que os pais casados têm alguém que os substitua com os filhos?

4 comentários:

  1. Boa tarde. Concordo totalmente com aquilo que escreve no que diz respeito às responsabilidades parentais. O papel dos pais não deve de ser o de delegar tarefas. São recorrentes os queixumes sobretudo das mulheres porque são mães solteiras e não têm o apoio dos pais dos filhos. Ser pai ou mãe deve de ser uma responsabilidade individual e não uma partilha de tarefas caseiras. Como mulher admiro esta sua visão. Os meus parabéns.

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  2. Na nossa sociedade, o pai solteiro ainda é visto como algo de estranho (sabemos do que falamos Paper Cut). Talvez por isso é desvalorizado o seu papel em comparação com o de mãe solteira. Verdade que são menos os casos de pai solteiros, mas não é motivo para não o encarar da mesma forma e com a mesma importância que o das mães solteiras (que são muitas mais).
    Mas sejam pais, mães, solteiros, casados, unidos de facto, o importante é acompanhar os filhos.
    Abraço

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  3. Tenho duas filhas, uma com 9 anos outra com 5. O pai saiu de casa há quase 1 ano. Está com elas de 15 em 15 dias, justifica-se que paga a pensão de alimentos acordada em tribunal e que a mais não é obrigado. Elas são aquilo que tenho de mais importante, mas desde que ele saiu de casa que sou mãe e sou pai. também gostava de me sentir mulher, mas não tenho tempo para isso. Se me queixar estarei a ser má mãe?

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  4. JCM, pelo contrário eu vejo os casos de pais solteiros serem muito mais valorizados. Tenho um amigo que ficou viúva com 2 filhas pequenas. Toda a gente dá imenso valor. No caso das mulheres no início é a questão da perda, mas depois é tudo natural, ela criar os filhos sozinha.
    No caso de pais separados, ainda há muito que mudar. Não é à toa que o Paper Cut é um exemplo e alvo de elogios. Quando ele é quem está certo e é um pai a sério, com naturalidade.

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