segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Troquei os cigarros por sorrisos

Fez ontem quinze dias que deixei de fumar. Adoro fumar, é algo que apesar da consciência de todo o mal associado gosto de sentir; acender o cigarro, dar a primeira passa que é sempre a que me sabe melhor, manusea-lo entre os dedos. Gosto do cheiro, do sabor, da forma como me tranquiliza.

Há quinze dias tomei a decisão de deixar de fazer uma das coisas que mais prazer me dá. Não foi pelo mal que faz à saúde, não foi pelo preço exorbitante. Tomei essa decisão depois de olhar para a miúda e ela me ter dito que uma das coisas que a deixava mais triste era eu não parar de fumar e que provavelmente a iria deixar por causa de uma doença associada ao tabaco.

Mais do que as palavras , foi o olhar dela enquanto me dizia o quanto a assustava eu poder contrair uma doença grave provocada pelo tabaco, que me fez tomar essa decisão com efeito imediato. Não quero perder a miúda para uma doença que me leve à morte; mas mais do que isso não quero que os meus actos sejam motivo de tal angústia. A mesma angústia que eu vi nos olhos dela enquanto me dizia o quanto lhe custava eu fumar.

Passaram quinze dias e não está a ser nada fácil. Gosto demasiado daquela merda. Custa-me imenso dormir, concentrar-me . Faço um esforço enorme para ter paciência para as coisas mais insignificantes. Masco pastilhas elásticas, por vezes saio de casa porque parece que a minha cabeça vai explodir e tenho de apanhar ar.

A miúda pergunta-me como está a correr eu respondo sempre que está a correr bem. Na verdade está a correr bem porque há quinze dias que não fumo, independentemente de todo o sofrimento associado. Deixei algo de que gostava muito, por algo bem maior. Ter a noção do quanto ela ficou feliz com esta minha decisão, de que aquilo que ela sente devido a alguns actos meus; medo, tristeza, incerteza, tem muito mais relevância do que qualquer cigarro.

Não deixei de fumar por mim, também não foi por ela. Deixei de fumar porque causava sofrimento em alguém de quem gosto muito e não o fazer seria um acto de egoísmo para com a mulher que eu amo e prometi proteger.

2 comentários:

  1. Fazes muito bem em deixar de fumar, independentemente dos estímulos que te levaram a faze-lo. O meu pai faleceu com uma doença provocada pelo consumo do tabaco. Gostava que ele também tivesse a sensibilidade de perceber o quanto eu e a minha irmã sofriamos por ele não deixar de fumar. Espero que tenhas força para continuar.

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  2. Imagino que seja difícil deixar de fumar. Mas teres tomado essa decisão é um dos melhores presentes que podes oferecer. Não é garantia de nada, mas reduz significativamente o risco de passar por uma doença que é, muitas vezes, devastadora para o paciente e também muito complicada para quem acompanha. Conheço o medo de perder a minha mãe para uma doença, a angústia de não saber o que é o resultado do exame seguinte, a incerteza constante, pois ontem pensávamos que o pesadelo já tinha passado, mas hoje recebe-se um telefonema que nos faz perceber que a tormenta ainda não acabou.
    Deixares de fumar é um enorme presente para o teu filho e para a miúda. É evitar que passem pelo sofrimento, angústia e incerteza, pelo medo que tira o sono e consome todos os dias.
    M.

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