Desalinhado por defeito congénito. Desequilibrado. Organotáxico. Com Fobia extrema a palhaços.
domingo, 27 de agosto de 2017
Os meus Gatos
Apresento os meus gatos. .
Vou começar pela amarela, a Hortelã. Encontrámo-la na rua com cerca de duas semanas, em muito mau estado. Doente e mal tratada. Sorte a dela haver cá em casa uma Veterinária que a reabilitou e salvou. É a nossa gata mais normal. Parece mesmo um gato. Muito meiga, gosta de estar sempre onde nós estamos. Tem uma predileção por sitios altos.
A que está ao lado é a Pimenta. Quando a Hortelã veio cá para casa, fomos a uma loja de animais comprar-lhe uma cama e estavam lá cinco gatos bebés para adoção, sendo um deles a Pimenta. Foi amor à primeira vista e trouxemo-la para casa juntamente com a cama nova da Hortelã. Demoraram cerca de três dias a relacionarem-se e desde aí que são como irmãs legítimas. A Pimenta é a Gótica lá de casa, adora isolar-se, esconder-se dentro de armários e gavetas o que por vezes nos faz andar imenso tempo à procura dela. Só vem ter connosco quando lhe apetece.
O de cima que está deitado em cima dos livros é o Mário. É um gato que estava no canil e que veio muito traumatizado. Foi o único sobrevivente de cerca de 20 gatos que foram atacados por cães e no canil tinha um comportamento que indicava ser agressivo para com as pessoas, o que fazia com que ninguém o adoptasse. Na verdade não é nada agressivo, É super medroso e raramente deixa que o agarremos, foge sempre que o tentamos fazer. Agora, passados uns meses já vem ter connosco e deita-se ao nosso lado, mas se lhe começamos a fazer festinhas foge e vai para o sitio favorito, A Pilha de Livros de História de Arte.
Já são parte da Família e mesmo com alguns desajustes, são os melhores gatos do Mundo.
sábado, 26 de agosto de 2017
A Boy and His Dad
Vinyl
Mick Jagger e Martin Scorsese produziram uma das melhores séries que vi em Televisão. Estranhamente "Vinyl", ficou-se por uma temporada apenas.
É Rock & Roll puro . Demasiado pesada, dizem alguns, pornografia musical, dizem outros. Para mim é um orgasmo visual e auditivo.
Por favor HBO não a deixes na gaveta.
Não vou falar mais acerca dela, para aqueles que não a viram terem a oportunidade de serem surpreendidos tal como eu fui.
Um cheirinho de Vinyl
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Anti-Metamorfose
Tons de cinzento em dias de Verão
sábado, 12 de agosto de 2017
Falha técnica ou Voodoo.
Fui à operadora e pedi uma segunda via do cartão Sim, seguindo a sugestão de um técnico. Nada de rede na mesma. Formatei o telemóvel conforme também me foi sugerido..rede zero no escritório.
Falei ontem ao telefone com um técnico(ou sapateiro, não estou certo) que me disse para ir à Loja no Centro Comercial Colombo onde estaria até às 21:00 horas. Tinha uma coisa combinada para as 20.00 horas e o Kukas para ir buscar ao colégio às 18.00 horas. Tinha 2 horas para fazer cerca de 60Km(ida e volta), reparar o telemóvel e estar em casa às 20.
Kukas no carro, A1 e lá fui para Lisboa. Esqueci-me que o Sporting jogava ontem, segunda circular entupida. Fugi para o IC17, acidente. Consegui chegar ao Colombo, o Kukas queria ir ver uma loja que não fazia idéia qual era e jantar no Mc Donalds. Lá consegui gerir a vontade do Kukas e a minha necessidade em ir à loja e convenci-o em irmos primeiro tratar do telemóvel.
Na loja, levaram o aparelho a uma sala onde supostamente estaria o técnico(ou sapateiro) e passados 2 minutos trazem-mo e dizem-me que o técnico disse que nada poderia fazer porque o telemóvel ali tinha rede. Tentei explicar que o problema só existia quando eu estava no escritório, que nos outros locais não tinha problemas de rede. Encolheram os ombros e vim embora.
Entretanto tive de ir com o kukas procurar a tal loja que ele não sabia o nome nem onde ficava, a única referência que me deu é que vendiam um boneco que se transformava em disco. Percorremos todo o piso zero do Colombo e de repente ele olha para o Continente e diz-me que é aquela loja, na zona dos brinquedos. Vistoriámos toda a área dos brinquedos e o tal boneco não existia. Felizmente ele estava com fome e lá o convenci a ir ao Mc Donalds. Decidimos comprar para levar e comeríamos no carro enquanto faríamos a viagem de regresso. Chegados ao parque de estacionamento, fui pagar, fomos para o carro sentei-o na cadeirinha e dei-lhe a comida para ir comendo na viagem. Sentei-me ao volante e quando fui à procura do cartão de estacionamento, não o tinha. Lembrei-me que com a pressa o deixei na máquina quando fiz o pagamento. Cinco minutos para convencer o meu filho a sair do carro para irmos ao apoio ao cliente e lá fui à procura do gabinete. Mais 10 minutos às voltas no parque. Foi um segurança connosco à máquina, abriu-a e lá estava o cartão. Com todas as voltas que demos no parque à procura do apoio ao cliente, o carro tinha "desaparecido".. Não fazia idéia onde o tinha deixado. Mais 10 minutos e o Kukas encontrou-o (momento de orgulho do pai). Sai do parque, entrei na segunda circular e o Kukas queria maionese nas batatas. Disse-lhe que estava a conduzir e que não conseguia abrir a saqueta e colocar a maionese nas batatas. Disse-me que se não conseguia fazer isso a conduzir então que parasse o carro. Ainda lhe tentei explicar que não podia parar ali, para ele comer as batatas sem maionese. Como ele tem 6 anos e não entende as regras de trânsito, a minha justificação não lhe serviu. Disse-lhe que pararia nas próximas bombas de gasolina e lhe punha a maionese. Concordou.
Consegui chegar a casa às 20.15 minutos, o Kukas disse-me que o Papá era o Sonic( não sei se o tome como elogio).
Entretanto estou a escrever este texto, no meu escritório com o meu telemóvel antigo...
Ontem senti-me como o Clint Eastwood
quarta-feira, 9 de agosto de 2017
Cão ou cama, eis a questão..
Após o jantar deitei-me no sofá e adormeci enquanto via o telejornal. Acordei agora, pronto para me trasladar para a minha cama. Só tinha de lavar os dentes e continuar o meu sono pesado e reconfortante.
Porém ele precisa de vir à rua. Está uma noite de Verão fantástica, o frio e o vento que estou a sentir devem de ser uma anomalia da minha cabeça.
Hoje voltei ao Tempo em que estava a dormir profundamente, mas o Kukas acordava a chorar porque ou tinha fome, cocó, cólicas ou era apenas um demoniozinho que teimava em não me dar uma noite de sono perfeita.
Como eu queria estar na minha cama agora.. Mas tenho de esperar, com os olhos cheios de ramelas, cabelo desgrenhado, ar de zombie(daqueles mesmo beras), de saco na mão que o pudim lhe apeteca fazer o seu cocó.
Agora entendo-te Coiso, quando dizes que foi o teu cão que te ensinou a ser pai.
A mim foi o meu filho que me ensinou a ter tolerância para ser dono de um cão.
terça-feira, 1 de agosto de 2017
Play my flesh
[Bbm Ab F# Ab Bbm Bbm7/F]
Arranhas-me as costas
Como se arranham as cordas de uma guitarra
Feres-me a pele
Nesta escala sem reverb
[Ebm Bbm]
O meu corpo é a tua pauta
Compões uma música que não me deixas escutar
Os teus dedos dedilham uma melodia limpa
A intensidade aumenta
[Ebm F# Bbm]
Sou o teu pedal de efeitos
Escolhes um flanger que ecoa neste espaço insonorizado
Tocas-me na boca como se equilibrasses os agudos
A cadência do tom sobe
[Ebm- F# - Ab - Bbm]
No meu pescoço improvisas novos acordes
nas minhas veias de nylon inventas um riff translúcido e crú
usas agora um delay que me desacelera o pulso
Finalmente usas o joker, distorção no máximo e neste momento sou o expoente ritmado da mais bela composição ..
Bbm7/F: 113121
rasgos na pele
segunda-feira, 31 de julho de 2017
Seis anos de descobertas
Super intuitivo e perspicaz, com uma sensibilidade enorme. Adora animais. É apaixonado por Castelos. Gosta imenso de histórias, mas as que gosta ainda não foram escritas; dá-me tópicos e obriga-me a construir uma história à volta deles.
Neste post vou colocar algumas fotos(tenho milhares) desta caminhada que temos feito juntos.
A música favorita do Kukas
A Star for my Angel
Papá, existe algum homem que venda Estrelas?
Não soube o que lhe responder, mas fiquei a pensar nisso. Gostava tanto de lhe poder oferecer uma estrela.
Uma estrela para o Kukas
domingo, 30 de julho de 2017
Instalações Agrárias
Gosto de arte moderna em especial.
Podemos encontrá-la nos sítios mais improváveis. Existem artistas que desconhecem que o são. No pragmatismo de quem apenas pretende proteger as suas alfaces dos pássaros e roedores e sem qualquer tipo de pretenciosimo , nasce arte como se de concepção divina se tratasse.
sábado, 29 de julho de 2017
Minimal repetitivo
Sinto a cabeça a explodir. Literalmente. Já tomei dois comprimidos e a dor e o desconforto não se vão. Dormi mal, acordei demasiado cedo, tive um pesadelo que me fez saltar da cama e de tão intenso, ainda teima em não se dissipar.
Estou com a sensação de que a minha mente não consegue assimilar tudo aquilo que fabrica. Como se milhares de operários martelassem em milhares de bigornas, num ritmo desafinado e descordenado.
Preciso de uma bússola que me oriente e me guie para um local, tranquilo, limpo, onde sinta apenas uma ligeira brisa na face e uma cama de relva fresca.
Preciso do cheiro a alfazema, de caminhar descalço e sentir conforto.
Preciso de conseguir parar, poder ser surdo por momentos, poder gritar sem ouvir a minha voz.
Preciso da letargia inconsciente que não urge qualquer dinâmica.
Quero somente que o mau estar me dê folga e me permita ser funcional
a minha luta
A dieta do Kukas.
Fui com o Kukas experimentar o skate que recebeu no seu aniversário.
Depois de umas horas no parque, perguntei-lhe se queria ir almoçar ao Mac Donald's. Disse que sim.
Quando chegámos disse que queria ser ele a escolher porque está de dieta.
Então não queres hambúrguer?
Quero.
Não estás de dieta?
Estou.
Para acompanhar, queres umas cenourinhas?
Não, quero batas fritas.
Água?
Não, quero Coca Cola...
Aos seis anos temos uma estranha concepção de dieta.
sexta-feira, 28 de julho de 2017
Massa diluída
A filha da puta da balança está a dizer-me que perdi oito quilos em um mês e meio. Odeio-a com todas as minhas forças. Preciso desses oito quilos e ela teima em não mos devolver.
Tomo uns comprimidos que o médico diz que engordam, tomo um complexo vitamínico que é suposto dar-me mais apetite. Como se diluem oito quilos desta forma?
A mente controla e domina o corpo, dizem-me com complacência, como para atenuar este pedaço de mim que a balança teima em me alertar que desapareceu.
Irrita-me que para além dela, quase todos à minha volta façam questão de verbalizar este meu definhar corpóreo.
Foda-se, sei que estou muito magro, não mo precisam de constantemente espelhar nas fuças( raramente tenho oportunidade de usar esta palavra).
Se quiserem a "receita" para perder oito quilos em mês e meio, mando-vos logo foder(sem filtro e sem contemplações).
quarta-feira, 26 de julho de 2017
A simplicidade da cadência monocórdica.
Fui ver o mais recente filme de Jim Jarmusch, Paterson é o nome que o realizador lhe deu.
Assim que nos sentamos na cadeira, embarcamos numa viagem tranquila, livre de percalços e quase terapêutica.
Jarmusch sabe como ninguém usar a fotografia nos seus filmes, chegando mesmo a ser sublime sem tentar qualquer tipo de pretenciosismo
A banda sonora é também uma das suas imagens de marca, minimalista, coerente com a velocidade dos frames e de tão simplista, trasforma-se num apêndice ritmado e precioso.
As personagens são uma delícia . Uma espécie de tarte de carne quentinha numa noite fria de inverno.
O filme é poético na sua génese e a poesia presente do início até ao final é crua, mundana, despretensiosa e coerente com a visão que o Realizador teve para este filme.
Para aqueles que acham o filme "lento" e vazio de conteúdo, com personagens enfadonhas e desprovidas de ritmo, convido-os a verem a sequela do Die Hard e a serem muito felizes.
Nota: O resumo curto e pouco explícito é completamente propositado.
terça-feira, 25 de julho de 2017
A casa da Saudade
Pessoas que esperam por pessoas. Ali vi dos mais longos abraços, apertados, sinceros.
Na azáfama de quem chega e de quem espera, uns mais ansiosos do que outros, uns maravilhados pela aventura que vai começar, outros porque lhes pagam para esperar, existem os que esperam como se essa espera fosse quase eterna.
Gosto de pessoas, especialmente daquelas que esperam.
Ali a Saudade está mais vincada e entranhada do que em qualquer outro lugar.
Gosto dos que sentem saudade, daquela saudade que já feriu e que finalmente explode num vulcão de afectos.
Gosto de afectos, dos reais, daqueles espontâneos.
Ali é onde eu sinto maior respeito e carinho por pessoas. Gosto das pessoas que me conduzem a lugares confortáveis, que me roubam sorrisos sem que nunca o venham a saber.
Os abraços vêm sem etiqueta
segunda-feira, 24 de julho de 2017
#aminhacasaeumzoo
A minha casa já parecia um Zoo, que diferença poderia fazer adoptar mais um..
Esta coisinha fofa, de olhar meigo e carente veio trazer uma nova dinâmica lá em casa. Não estávamos habituados a pisar cocó de cão nos tapetes, nem xixi no chão da cozinha (culpa minha de andar descalço e não acender a luz), as minhas havaianas e as do meu filho compradas à cerca de uma semana estavam claramente a necessitar de reforma e o pudim tratou disso. Nunca tínhamos tido uma inundação na cozinha, ele ajudou roendo a mangueira da água da máquina de lavar loiça, obrigando-nos a uma limpeza profunda.
Quando o fomos buscar, comprámos uma cama super fofa que aparentemente ele não gostou e retraçou completamente. Culpa nossa de não lhe termos pedido opinião.
É um cão super especial, adora ir à rua durante uma ou duas horas, mas como é bem educado só faz as necessidades quando chega a casa. Entretanto passados estes dois meses já não se porta tão bem, já faz quase sempre xixi e cocó na rua.
Os gatos ficaram radiantes com a vinda dele, finalmente agora tinham alguém que andava constantemente a correr atrás deles para lhes roer a cauda e lhes comia a comida. Eles não gostam que a ração esteja nos seus pratos demasiado tempo.
Apesar de tudo de bom que tenho relatado neste texto, existe em mim uma certa tristeza com a vinda dele; já não imagino a minha casa e a minha vida sem a sua presença. Arrebatou-me de tal forma que o trago comigo para o emprego e o levo quando vou ao Colégio buscar o Kukas, desestabilizando completamente os coleguinhas dele que vêm em magotes rebolar-se anarquicamente no chão com o pudim. Nos dias em que não o levo os miúdos pedem-me sempre para o levar no dia seguinte.
Passei a mudar de hashtag quando colocava fotos dos meus gatos no meu instagram. Passou de #aminhacasapareceumzoo , para #aminhacasaeumzoo.
Bolonhesa com rabo de gato escondido
Não dou a receita, porque há segredos que não se partilham.
Nota: Cozinho sempre com banda sonora
domingo, 23 de julho de 2017
Ricardo és livre de grelhar peixe espada preto na minha casa.
Domingos suaves.
Acordar devagarinho
sábado, 22 de julho de 2017
A soma das incertezas
Fugir é tão legítimo como ficar. Não se trata de uma luta entre o bem versus o mal. Apenas uma carta que podemos jogar.
Sou dos que ficam, mas também sou dos que partem. Sou dos que agarro e dos que permito que soltem amarras.
Em consciência não sou nenhum de ambos. Incongruente? Completamente...
Por vezes dou comigo a rodopiar num Carrocel de Cristal, que gira no sentido contrário ao dos ponteiros dos relógios, tentando contornar (enganar) o Tempo.
Vã demanda esta; impossível contornar aquilo que nos manieta através da sua vontade irrepreensível e derradeira.
Sou o exemplo da pluralidade da inconstância e da singularidade do desejo atroz de não ter de suportar o fardo da inevitabilidade.
Nunca a mudança me condicionou. Permito-me aqui ser desonesto e reafirmar que nunca a mudança me moldou. Sou o somatório de escolhas e de comportamentos, de erros conscientes e de outros camuflados no meu desiquilíbrio emocional. Racionalmente não falho tanto, mas nem sempre tenho a capacidade de escolher entre a racionalidade e a loucura congénita construída sobre alicerces de areia solta que me conduzem a lugares lúgubres onde velhos e novos fantasmas dançam ao som de uma estranha melodia monocórdica, de mão estendida para me guiarem.
Recordo-me de ter escrito cem vezes num quadro negro de lousa com giz branco a frase: "Só por hoje vou contrariar a minha vontade e não caminharei descalço sobre vidros de garrafas partidas durante um festim de apologia à demência para o qual não fui convidado". De todas as vezes em que escrevia esta frase, aquilo que eu retinha era sobre qual a razão pela qual eu não tinha recebido um convite para este banquete.
Agora sei que não devia de ter faltado às aulas sobre o Cartesianismo. Preciso tanto das ferramentas que aí eram distribuídas gratuitamente e sem reservas.
Questiono-me se ainda terei tempo para voltar a poder falhar. Estou certo que falharei, mas tenho dúvidas se o Tempo estará ainda à espera, ou se já partiu deixando-me com um relógio avariado nas mãos, sem um esquema e com um mecanismo tão complexo e difuso que nada mais me restará do que me sentar e esperar que o Tempo um dia se lembre e me venha resgatar a este lugar estranho dimensionalmente vazio.
Got the music in you baby ...Tell me why
segunda-feira, 17 de julho de 2017
A ilusão da razão.
Tenho um peso que me carrega e do qual não me consigo livrar. Tenho os dias que me aliviam, as noites que me atormentam e cada vez menos os sonhos que sempre me alimentaram.
Sou um falso pragmático. Sou um descrente convicto. Sou um crente na ilusão.
Consigo ser o meu maior amigo, mesmo quando me fustigo. Sou o perfeito anormal que implora por um fio condutor. Consigo ser melhor com os outros, mesmo quando comigo de pés atados teimo em não desatar os nós que me prendem.
Sou sombra e luz, sou verdade e mentira. Sou o espectro de uma imagem que já foi real e que o Tempo, esse filho da puta foi desgastando entre sorrisos de malícia e regozijo.
Já me pertenceram as melhores dádivas, já fui príncipe sem nunca ter sido sapo. Ja caminhei sobre ninhos de serpentes sem nunca ter sido mordido. Já provei o veneno e sobrevivi.
Hoje sou um sem abrigo, vazio de alma, sedento de esperança, isento de nada e sem nada que me mova.
Hoje sou um sem abrigo, a quem até as estrelas que no céu foram sempre o maior conforto, ousaram roubar num gesto implacável e mordaz.
Hoje sou um sem abrigo que recusa alimento, não por orgulho mas por falta de apetite.
Hoje sou um sem abrigo que um dia sonhou com um campo repleto de papoilas vermelhas, onde iria construir a sua casa, o seu Lar.
quinta-feira, 6 de julho de 2017
Desapego
Como transformar o desapego em algo positivo? Para muitos significa afastamento, desligar, desistir.. Para mim desapego significa confiar, entregar, libertar.
Há uns tempos escrevi aqui um texto acerca do aconchego, da dedicação, da preocupação pela pessoa que está comigo. Da minha necessidade de estar sempre presente, mas esqueci-me de algo primordial; eu não posso viver a vida dos outros. Estar focado na outra pessoa, retira-me o foco em mim. Desapego é no fundo olhar em primeiro lugar para mim, entregar a responsabilidade das escolhas e do trajecto que o outro decidiu fazer e sobretudo confiar na sua capacidade de lidar com as suas coisas.
Desapego é deixar que a outra pessoa bata com a cabeça na parede se for essa a vontade dela e ter o kit de primeiros socorros para lhe tratar das feridas. Desapego é amar incondicionalmente, sem mudar a essência do outro.
Desapego é estar sem esforço e de uma forma invisível.
terça-feira, 4 de julho de 2017
Aquilo que eu mostro nem sempre é aquilo que sou
Tomei a decisão de me colocar em primeiro lugar, cuidar de mim, fortalecer-me mental e psicologicamente e só dessa forma conseguirei ter a força necessária para segurar a rede que ampara aqueles que eu amo. Gostar mais de mim, não implica que goste menos dos outros. Olhar mais para mim é uma forma de tirar o peso de cima daqueles a quem eu de uma forma quase obsessiva tento carregar ao colo.
Não me basta ser uma boa pessoa, preciso de ser de uma forma contínua uma melhor pessoa e isso só é possível fazendo uma introspecção e alterar objectivos e comportamentos.
Outra coisa que percebi é que por vezes aquilo que eu considero ser o melhor para mim, não tem de ser necessariamente o melhor para os outros. Respeitar o espaço das outras pessoas não deveria de ser uma necessidade, tem de ser uma obrigação.
Sempre achei que era um tipo super forte e que aguentava tudo. Sou forte e aguento muita coisa, mas agora que parei um bocadinho para olhar para mim percebi que preciso de ajuda, não sou auto-suficiente e que até sou um pouco co-dependente e que as ferramentas que preciso para melhorar estão dentro de mim. O esforço tem de ser obrigatoriamente meu, mas também tendo consciência de que sozinho não sou capaz, não ter receio de pedir ajuda. Ajuda essa que não passa por me levarem ao colo, mas por me darem a mão se eu sozinho não conseguir percorrer esse caminho.
É engraçado como sabemos sempre aquilo que é o melhor para os outros, quando não fazemos a mínima ideia daquilo que é o melhor para nós.
quinta-feira, 22 de junho de 2017
Eu acredito em anjos
Um dia precisamos de alguém e sem qualquer expectativa ou aviso, aparece-nos à frente aquela pessoa que tu nunca imaginaste o quanto ela teria guardado para ti. Sim, nem ela o sabia.
Existem pessoas que passam pelo pior e mesmo durante esse processo ainda conseguem dar-nos o melhor delas; sem pedir nada em troca, sem sequer se questionarem. Nesse dia descobres que existem pessoas maravilhosas, altruístas e que te agarram ao colo mesmo estando elas próprias num estado tão debilitado que possivelmente ainda precisam que a agarrem mais do que tu.
São estas pessoas que me fazem acreditar (ainda) no ser humano e que a guardarei para sempre no meu cantinho mais quente e acolhedor.
Espero um dia ser como esta pessoa, porque tenho tanto a aprender com ela.
Obrigado por me teres amparado, mesmo quando as tuas forças estavam no limite.
O Amor é um Filho da Puta
No final do dia a Pessoa com quem vives e por quem tanto te apaixonaste diz-te que já não é feliz contigo. que quer ficar sozinha.
No Final do dia parte de ti morre ali no asfalto do parque de estacionamento .
Choras, imploras, humilhas-te, pretendes arranjar culpados, experimentas odiá-la...mas no final do dia ela continua a ser a mulher por quem estás irremediavelmente e arrebatadamente apaixonado.
A seguir vem o medo e o vazio. A esperança, mas acompanhada pela descrença.
O Amor é o maior dos enganos, a pior das drogas, o monstro mais atroz. O Amor enfraquece-nos, corroí-nos . É um Filho da puta que vem de mansinho, mas quando se vai parte tudo à sua volta, deixando-nos em cacos irremediavelmente recuperáveis.
O Amor será sempre o vilão disfarçado de herói .